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20 de julho de 2010
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15:00

Serviço de inteligência norte-americano está nas mãos de empresas privadas

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br

Nubia Silveira

Os roteiristas do seriado 24 Horas já denunciaram: as empresas privadas estão dominando a área de segurança norte-americana. Em uma das temporadas, colocaram o herói Jack Bauer, com seus métodos nada politicamente corretos, a lutar contra os empresários do mal. Agora, chegou a vez do jornal The Washington Post confrimar: as ações antiterroristas estão nas mãos de 1.900 companhia privadas, que concorrem com 1.200 organizações governamentais. Cerca de 854 mil pessoas trabalham têm permissão para trabalhar com segurança nos Estados Unidos.

Todo este aparato montado pelo ex-presidente George Bush não foi desmontado por Barack Obama. Segundo a investigação feita por 15 jornalistas do Post durante dois anos, há missões e orçamentos superpostos e os recursos destinados à área de segurança cresceram 21 vezes desde o ataque às torres do World Trade Center, em 2001. No ano passado, o Congresso aprovou a bagatela de 75 bilhões de dólares – cerca de R$ 133,5 bilhões – para as operações de inteligência.

Segundo o jornal, famoso por suas investigações que provocaram o impeachment do presidente Richard Nixon (1969-1974), o caos está instalado nos setores de segurança e inteligência. Só em Washington, cerca de 33 escritórios de análise de inteligência começaram a operar depois do 11 de Setembro. Juntos, estes escritórios equivalem a três Pentágonos e 22 Capitólios.

Perigo para o mundo

Jair Krischke, conselheiro do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, afirma que até Dick Cheney, vice-presidente de George Bush, tem uma empresa de segurança. “Ninguém sabe quem faz o quê e isso é um perigo para o mundo”, diz ele. Jair alerta que um pequeno erro cometido na área de inteligência, como um informe mal-elaborado, pode resultar em ataques a outros países – como aconteceu no Iraque – e em mortes de inocentes.

A paranoia instalada entre os americanos, depois dos ataques ao WTC e as guerras no Afeganistão e Iraque, permitiram o crescimento desenfreado de escritórios, organizações e trabalhadores de segurança. “Há uma falsa produção de inteligência”, diz Krischke. “Os norte-americanos gastam milhões e não têm segurança”.

Defesa fraca

Após a publicação da primeira da série de reportagens do Post, o governo tentou se defender. O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, afirmou que já pediu às agências de defesa e aos serviços de segurança que, nos próximos anos, reduzam os gastos. O porta-voz do Pentágono, Dave Lapan, saiu-se com esta: a redundância na comunidade de espionagem já é assunto conhecido. Leon Panetta, diretor da CIA, assegurou que trabalha em projeto para reduzir os custos nos próximos cinco anos. E a Casa Branca disse que o governo Obama sabia dos problemas e está trabalhando por uma solução.


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