O antigo ditador Desi Bouterse foi eleito presidente do Suriname, enquanto seus opositores prefeririam vê-lo detido por tráfico de drogas e pelo papel desempenhado na morte de 15 políticos na década de 80. A vitória, por 36 votos a favor entre 50 parlamentares, ocorreu nesta segunda-feira (19).
Bouterse foi eleito com o apoio da Mega Combinação, bloco que venceu as eleições parlamentares de maio com 23 dos 51 assentos do Parlamento.
Michael Charles, funcionário do governo da coligação Nova Frente, do ex-presidente Ronald Venetiaan, declarou-se estupefato com a eleição de Bouterse e revelou preocupação pelo futuro do Suriname: “Ficamos completamente loucos neste país. Não sei como fizemos para ter Bouterse como presidente”, questionou.
Bouterse enfrenta um processo – que se arrasta pela lentidão da Justiça do Suriname – pelo seu envolvimento na morte de 15 políticos de oposição durante o seu regime. Sua candidatura presidencial foi vista por muitos como uma forma de deter o julgamento e de procurar imunidade, para não ser processado.
Desi Bouterse começou a controlar o país na sequência de um golpe de Estado em 1980, cinco anos após a independência, mas que sucumbiu à pressão internacional, em 1987. Voltaria ao poder brevemente em 1990, mas, em 1999, um tribunal holandês condenou-o à revelia por tráfico de cocaína na Holanda, tendo Bouterse escapado a uma sentença de prisão de 11 anos pelo fato de este país não ter um acordo de extradição com o Suriname.
Bart Rijs, porta voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros holandês, assinalou que Desi Bouterse nunca mais viajou para nenhum país onde os holandeses pudessem detê-lo ou extraditá-lo.
Reconhecendo que o ditador vai ter imunidade como chefe de Estado, Bart Rijs sublinhou que, mesmo nessa qualidade, Desi Bouterse não será bem vindo na Holanda.
Com informações de agências internacionais e o Correio Brasiliense