Dilma faz visita relâmpago ao Uruguai

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Jorge Seadi

Depois de quatro adiamentos, a presidenta Dilma Rousseff chega a Montevidéu, Uruguai, para uma visita rápida de apenas cinco horas. Esta será a primeira vez que Dilma Rousseff vai ao Uruguai no cargo. Ela vai acompanhada de seis ministros. Na reunião com o presidente uruguaio, principal atividade de sua visita, Dilma vai tratar do Mercosul como um todo e também de assuntos relacionados com os dois países e que interessam diretamente ao Rio Grande do Sul. Dilma retorna ao Brasil por volta das 17 horas.

A presidenta brasileira vai conversar com José Mujica sobre a integração do norte do Uruguai com o sul do Rio Grande do Sul. Inclui a construção de uma nova ponte sobre o rio Jaguarão, entre a cidade gaúcha de mesmo nome e Rio Branco (Uruguai) e a recuperação da atual, construída pelos ingleses; a implantação de uma hidrovia entre os dois países; a reativação de uma antiga ligação ferroviária entre Cacequi e Livramento, conectando-se com a rede ferroviária do Uruguai; e ainda uma ligação elétrica entre os dois países. De acordo com o Itamaraty, estes são os assuntos principais da reunião dos dois presidentes. Os detalhes finais dos acordos que serão assinados pelos dois presidentes serão definidos pelos ministros dos dois países, que se reunirão ao mesmo tempo que Mujica e Dilma. Antes, Dilma Rousseff vai visitar o Laboratório Tecnológico do Uruguai e, depois da reunião com Mujica, participará de almoço oferecido pelo governo uruguiaio.

A visita de Dilma Rousseff também é aguardada com grande expectativa pelos empresários uruguaios que estão preocupados com a inclusão do Uruguai na decisão brasileira de não dar licença automática de importação também para produtos de origem uruguaia. O Brasil é o maior mercado de exportação dos produtos do Uruguai. No ano passado, de acordo com números do governo brasileiro, o comércio bilateral ultrapassou os US$ 3 bilhões, um crescimento de 19,4% em relação a 2009. A balança está equilibrada, com cada um dos dois países exportando US$ 1,5 bilhão.

A presidenta brasileira tem também a missão de acalmar o mercado uruguaio em razão da forte investida de empresários brasileiros no mercado local nos últimos anos e o atrelamento da economia uruguaia ao Brasil, o que já sendo chamado de “Brasil-dependência”. Entre estes, estão temas como o arroz uruguaio — que o Brasil tenta negociar o excedente para países de fora do Mercosul com o objetivo de proteger a produção brasileira –, o aumento na cooperação em tecnologia e inovação com a instalação de laboratórios de conteúdos de tv digital e aplicações interativas no Uruguai. O Brasil vai, ainda, assinar tratados de cooperação nas áreas de saúde, segurança, ciência e educação.

Com relação especificamente sobre a TV digital, o Uruguai cancelou o acordo que tinha com a União Europeia para a instalação da tv digital e optou pelo sistema nipo-brasileiro. Tanto o Brasil como o Japão prometeram ajuda ao Uruguai para a implatação da tv de alta definição no país.

Outro assunto do encontro dos dois presidentes será a escolha do novo diretor-executivo do FMI. O Uruguai já declarou apoio ao mexicano Agustín Cartens enquanto que o Brasil — que recebe hoje a ministra francesa de Economia, Christine Lagarde (ela se encontra amanhã com Dilma em Brasília) — , ainda não abriu seu voto. É possível que haja uma tentativa de apoio em bloco da América do Sul para um nome que não pertença ao bloco europeu.

O passado uruguaio de Dilma

A visita da presidenta brasileira tem uma conotação pessoal importante. Ir ao Uruguai significa lembrar que foi no país vizinho que recebeu “treinamento de inteligência” no período em que combateu a ditadura. A confirmação é da própria presidenta em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo em que ela relatou que “geralmente a gente fazia numa fazenda. Era mais seguro. Ia pouca gente. O meu treinamento foi muito simplório. Apenas, montava e desmontava armas. E havia também treinamento para aprender a não ser seguido”, resumiu a presidenta.

Ir ao Uruguai e se encontrar com José “Pepe” Mujica também  é um reencontro com o passado. O atual presidente do Uruguai também lutou contra a ditadura de seu país, sendo um dos líderes do movimento guerrilheiro Tupamaro.

Com informações do UOL e La República


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