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29 de novembro de 2020
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22:59

Conservadorismo predomina, e Covas vence Boulos no segundo turno em São Paulo

Por
Sul 21
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O prefeito de São Paulo, Bruno Covas. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Vitor Nuzzi
Rede Brasil Atual

O tucano Bruno Covas, 40 anos, é o 54º prefeito de São Paulo. Com 96,50% das seções totalizadas, o atual prefeito está com 59,38% dos votos válidos (3.060.905), enquanto Guilherme Boulos (PSOL), uma surpresa desta eleição, tem 40,62% (2.093.471). A abstenção no segundo turno em São Paulo manteve-se alta (30,78%).

Covas continuará comandando a mais populosa cidade brasileira (12,3 milhões), com quase 9 milhões de eleitores. Um lugar-chave para a eleição de 2022.

Foi o fim de uma disputa inédita na cidade, entre um partido (PSDB) surgido na época da Constituinte, em 1988, das entranhas do PMDB, e uma legenda mais nova (PSOL), de 2004, originada de divergências no PT. Um ingrediente positivo foi a derrota de bolsonarismo em São Paulo, representado pelo deputado Celso Russomanno (Republicanos) – que decidiu apoiar Covas no segundo turno –, e de candidaturas identificadas com a “antipolítica” e o extremismo. Também é fato a destacar a idade dos candidatos que chegaram ao segundo turno. Enquanto Covas tem 40 anos, completados em 7 de abril, Boulos chegou aos 38 em 19 de junho.

Ambos nasceram no período final da ditadura, quando os prefeitos das capitais ainda eram nomeados. Quando Covas nasceu, a capital era comandada por Reinaldo de Barros (Arena-PDS). Pouco antes de Boulos nascer, o prefeito era Antônio Salim Curiati. No primeiro caso, o governador (também indireto) era Paulo Maluf, substituído pelo vice, José Maria Marin, em 1982. Naquele ano, o Brasil voltou a eleger governadores, e em São Paulo o eleito foi Franco Montoro, então no PMDB – ele seria um dos fundadores do PSDB.

Diferente do estado, que tem tido uma monótona sucessão de tucanos, a capital paulista registra certa alternância de poder. Desde a redemocratização, foram eleitos Jânio Quadros (PTB, 1985-1988), Luiza Erundina (PT, 1989-1992), Paulo Maluf (PDS-PPB, 1993-1996), Celso Pitta (PPB, 1997-2000), Marta Suplicy (PT, 2001-2004), José Serra (PSDB, 2005-2006) Gilberto Kassab (PFL-DEM-PSD, 2006-2012), Fernando Haddad (PT, 2013-2016), João Doria (PSDB, 2017-2018) e, agora, Bruno Covas.

Este último assumiu em 6 de abril de 2018, porque o titular faltou à palavra e deixou o cargo para concorrer (e ser eleito) ao governo estadual. Repetindo o que outro político do PSDB, o hoje senador Serra, fez em 2006.

A reta final foi marcada pelo crescimento de Boulos, que no segundo turno ganhou apoio de PT, PCdoB e PDT, viabilizando uma frente de esquerda. Covas ocupou-se em esconder tanto o padrinho Doria como o vice, Ricardo Nunes (MDB), que praticamente não apareceram na campanha. O Datafolha apontou tucano como favorito do poder econômico (empresários) e entre eleitores com mais de 60 anos. Boulos era mais popular entre funcionários púbicos e estudantes.

Para muitos, apesar da vantagem de Covas nas pesquisas, o resultado passou a ser imprevisível, considerado o grau de abstenção, entre outros fatores. Com campanha forte nas redes sociais e nas ruas, o candidato do Psol também mostrou bom desempenho nos debates. E possivelmente contava com o último deles, na sexta-feira (27), para ganhar mais votos. Mas no mesmo dia anunciou que havia contraído covid-19. Chegou a propor um debate virtual,mas a Rede Globo não aceitou.

Na seara estritamente política, São Paulo confirmou o enfraquecimento da extrema direita. O centrão segue firme, como sempre esteve, e a esquerda mostrou que está viva.


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