Débora Fogliatto
O Diário Oficial da União publicou, na edição desta segunda-feira (29), a nomeação de Symmy Larrat para a Coordenadoria de Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Travestis e Transexuais da Secretaria de Direitos Humanos da presidência da República. Ela foi a primeira pessoa transexual a ter seu nome social divulgado na indicação, e é a primeira a assumir este cargo — que já foi preenchido por duas mulheres lésbicas e dois homens gays anteriormente.
O nome de registro de Symmy também aparece na publicação, pois ela não fez a retificação civil que mudaria oficialmente seu nome nos documentos. Para ela, este detalhe não é um problema, mas sim “completamente compreensível”, visto que ela ainda não fez a troca de nome. “Isso não é constrangimento, é o governo sinalizando que as pessoas têm que respeitar o nome social daquela pessoa. O governo disse, assim, que assina esse compromisso de respeitar o nome social”, analisou. A conquista foi possível a partir da portaria 233, de 18 de maio de 2010, que assegura aos servidores públicos da Administração Federal o uso do nome social.
Symmy afirma já estar “cheia de planos”, mas demonstra preocupação com a onda conservadora que chegou ao Congresso brasileiro. “Temos muito trabalho e muito penoso, porque tudo que fazemos temos que justificar muito por conta dessa onda conservadora. Vamos ser uma trincheira de resistência de todas as conquistas que tivemos nos últimos anos”, garantiu.
Ela começou seu envolvimento político em sua cidade natal, Belém do Pará, onde participava do Grupo de Resistência de Travestis e Transexuais da Amazônia e do Conselho Estadual LGBT. O órgão foi indicado como o conselho mais atuante do Brasil e ela foi nomeada para trabalhar na Secretaria de Direitos Humanos da presidência, como assessora. De lá, foi chamada para trabalhar na prefeitura de São Paulo, onde lançou o projeto Transcidadania.
Divulgado por setores da mídia como “bolsa para travestis”, o Transcidadania é um programa que busca resgatar oportunidades para travestis e transexuais. “As pessoas recebem uma bolsa e têm que cumprir ações conosco, de elevação de escolaridade, formação cidadã e qualificação profissional”, explicou Symmy. O projeto incentiva esta população a concluir os estudos e fazer cursos profissionalizantes, além de oferecer tratamento hormonal em unidades básicas de saúde. Agora, Symmy deixa a Prefeitura para se dedicar ao cargo em Brasília, onde começa na próxima semana.