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18 de outubro de 2016
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19:04

Mulheres argentinas organizam paralisações após estupro e assassinato de adolescente

Por
Sul 21
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Mulheres argentinas organizam paralisações após estupro e assassinato de adolescente
Mulheres argentinas organizam paralisações após estupro e assassinato de adolescente
A morte da jovem Lucía Pérez provocou a mobilização dos argentinos | Foto: Reprodução/Facebook
A morte da jovem Lucía Pérez provocou a mobilização dos argentinos | Foto: Reprodução/Facebook

Da Redação*

Milhares de mulheres argentinas devem tomar as ruas nesta quarta-feira (19), em um ato organizado por diversos movimentos e sindicatos em repúdio à violência contra a mulher e ao feminicídio. A mobilização acontece após a morte brutal de Lucía Pérez, uma adolescente de 16 anos, que foi violentamente estuprada no último dia 8, na cidade de Mar del Plata, o que ocasionou uma parada cardíaca. Os assassinos a teriam drogado antes de cometer os crimes e, após a sua morte, a levaram até um hospital onde alegaram que ela havia ficado inconsciente devido a uma overdose. Três suspeitos do crime estão presos.

O movimento Ni Una Menos (Nenhuma a Menos) convocou grandes manifestações em 2015, quando a Argentina viu os maiores protestos contra o machismo e feminicídio de sua história. A mobilização, na época, foi motivada pela morte de uma jovem de 14 anos, que estava grávida, assassinada por seu namorado. Agora, mais de um ano depois, as mulheres do país pretendem repetir as paralisações, mais uma vez protestando contra a violência de gênero. “Nós dizemos #NiUnaMenos com raiva do feminicídio de Lucía em Mar del Plata. E no mesmo dia, o ódio de uma mãe mata sua filha lésbica, e no dia seguinte, duas adolescentes são esfaqueadas em La Boca”, afirma o movimento.

No fim de semana da morte de Lucía, ocorria a Conferência Nacional de Mulheres em Rosario, onde a manifestação começou a ser planejada por mais de 50 organizações e sindicatos. “Juntas decidimos parar: aquelas com emprego formal ou não, as que participam de cooperativas, as precarizadas, aquelas que trabalham em casa e não são pagas, as desempregadas, estudantes, artesãs e artistas, todas”, colocam. Elas refletem que, por trás do aumento e da crueldade da violência, há um fator econômico, devido à falta de autonomia das mulheres, que as deixa desprotegidas, que as transforma em alvos de redes de tráfico ou em “corpos baratos” para o tráfico de drogas.

Mais de 200 feminicídios acontecem por ano na Argentina. Segundo o El País, devido à crescente preocupação social com o assunto, a Corte Suprema de Justiça começou a elaborar no ano passado o Registro Nacional de Feminicídios. De acordo com o documento, em 2015 foram assassinadas 235 mulheres, numa média de uma a cada 36 horas. Do total de vítimas, 18% tinha menos de 20 anos, 43% tinha entre 21 e 40 anos, 25% entre 41 e 60 anos e 9%, mais de 60.

Na quarta-feira, entre 13h e 14h as mulheres irão parar as atividades e sair na porta de seus locais de trabalho ou estudo. Já às 17h, em Buenos Aires, caminharão desde o Obelisco até a Praça de Maio vestidas de preto. Em outras cidades do país também há mobilizações marcadas.

*Com informações da Telesur e do El País


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