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20 de maio de 2015
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20:03

Audiência na Assembleia Legislativa discute expansão da dengue no RS em 2015

Por
Luís Gomes
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Os deputados Valdeci Oliveira (esq.) e Eduardo Loureiro (centro) participam da audiência ao lado do secretário adjunto Francisco Paz |  Foto: Divulgação
Os deputados Valdeci Oliveira (esq.) e Eduardo Loureiro (centro) participam da audiência ao lado do secretário adjunto Francisco Paz | Foto: Divulgação

Luís Eduardo Gomes

A Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do RS realizou na manhã desta quarta-feira (20) uma audiência conjunta com a Comissão de Assuntos Municipais para discutir a situação da dengue no Estado. Nos quatro primeiros meses do ano, foram confirmados mais de dez vezes o número de casos da doença na comparação com o mesmo período do ano passado.

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Na apresentação principal da audiência, o secretário adjunto da Saúde no Estado, Francisco Paz, apresentou os números da dengue no RS. Segundo o levantamento, o Brasil já vive uma epidemia de dengue em 2015, com 745 mil casos (367,8 para 100 mil habitantes). No mesmo período de 2014 foram registrados 223 mil casos (110,1 para 100 mil habitantes).

No RS, o número de casos confirmados saltou de 72 para 891 até o último levantamento, divulgado em 12 de maio. Em Porto Alegre, foram registrados 53 casos confirmados da doença.

De acordo com o deputado Eduardo Loureiro (PDT), presidente da Comissão de Assuntos Municipais, 55% dos casos confirmados até o momento no Estado foram registrados na região noroeste. O alto número de casos registrados na região se daria por causa da proximidade com a Argentina, que vem sofrendo com uma epidemia de dengue em 2015.

Até 12 de maio, a Coordenadoria Regional de Saúde de Santo Ângelo registrou 494 casos confirmados (em que há confirmação laboratorial) da doença. A região também registrou as duas primeiras mortes pela doença, uma em Santo Ângelo (23/3) e uma em Panambi (19/4).

Paz também ressaltou que há uma forte expansão no número de municípios gaúchos infestados pelos mosquitos transmissores da dengue, chegando a 150 neste ano. Em 2014, eram 64. O primeiro caso de dengue no RS foi registrado em 1995, em Caxias do Sul.

Ele alertou que, dada essa expansão, a dengue já não é mais erradicável no RS e que apenas é possível fazer o controle e a prevenção da doença. Para isso, ele afirma que o Estado mobilizou desde março uma força-tarefa para combater os casos autóctones (municípios onde o vírus está circulando) na região Noroeste do RS. No início de maio, a secretaria de Saúde acionou uma força-tarefa no Norte.

Esse trabalho inclui a pulverização de inseticida por agentes de saúde, o borrifamento de inseticida nas áreas onde foram registrados casos de dengue e ações educativas, em que os agentes instruem a população a tomar cuidados simples de prevenção, como: tampar caixas d’água, toneis e latões, guardar garrafas vazias viradas para baixo, guardar pneus sob abrigos, não acumular água nos pratos de vasos de plantas e enchê-los com areia, manter desentupidos canos, calhas, toldos e marquises, manter lixeiras fechadas e piscinas tratadas durante o ano inteiro.

Em Porto Alegre, a prefeitura vem realizando um trabalho com armadilhas em 22 bairros para detectar focos de mosquito que carregam o vírus. Além disso, agentes da prefeitura estão aplicando inseticida nos bairros mais infestados por mosquitos. Nesta semana, já foram realizadas ações nos bairros Praia de Belas, Cristal, Santana, São João e Nonoai.

Mudança cultural é necessária

Segundo Paz, as mudanças climáticas ajudaram a aumentar a proliferação da dengue, mas isso por si só não explica o avanço registrado. Ele afirma que é preciso uma mudança cultural na sociedade e aumentar a preocupação com a prevenção da doença. “Temos uma cultura de juntar potinhos em casa”, disse o secretário adjunto.

Deputados discutiram a situação da dengue no RS | Foto: Divulgação
Deputados discutiram a situação da dengue no RS | Foto: Divulgação

Ele também afirmou que um grande número de pessoas ainda tem dificuldade de cooperar com a vigilância sanitária quando os agentes visitam suas residências para avaliar se há focos de água parada – ambiente propício ao desenvolvimento dos mosquitos. “As pessoas querem que os agentes limpem o pátio delas, não estão preocupadas com a dengue”, diz.

Preocupação

Ao abrir a audiência, o deputado Valdeci Oliveira (PT), presidente da comissão, lembrou que, em 2007, o RS foi considerado o único Estado do país sem dengue. No entanto, até o fim de abril deste ano, foram confirmados ao menos 890 casos da doença no Estado.

O deputado Ciro Simoni (PDT) alertou que a situação da dengue pode se agravar no Estado em breve, uma vez que ainda não existe um grande foco de mosquitos infectados com o vírus da doença na Região Metropolitana. “Quando isso acontecer, teremos uma explosão de casos”, disse Simoni, salientando que a região “está infestada de aedes aegypti“.

O deputado Pedro Pereira (PMDB) alertou que seu filho, que é médico, contraiu o vírus da dengue durante viagem a São Paulo e pediu que seja realizada uma guerra contra a doença. “É uma guerra que todos nós devemos estar atentos. A dengue deve ser combatida segundo a segundo, ninguém está livre”, disse Pereira.


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