Da Redação*
Neste domingo (31), quando o inicio da ditadura militar no Brasil completa 55 anos, um número oficial de WhatApp do Palácio do Planalto divulgou um vídeo em defesa do golpe de 1964, segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo. A produção foi enviada pelo número que a Secretaria de Comunicação da Presidência utiliza para compartilhar notícias e serviços do governo federal.
No vídeo, que tem cerca de dois minutos de duração, o apresentador afirma que os militares salvaram o Brasil dos avanços do comunismo: “O Exército nos salvou. O Exército nos salvou. Não há como negar. E tudo isso aconteceu num dia comum de hoje, um 31 de março”, diz o narrador. Ele também fala que quando os militares agiram “a escuridão, graças a Deus, foi passando, passando, e fez-se a luz”.
O mesmo vídeo foi publicado pelo deputado federal e filho de Jair Bolsonaro (PSL), Eduardo Bolsonaro, no Twitter. “Num dia como o de hoje o Brasil foi liberto. Obrigado militares de 64!” , diz o deputado ao se referir ao golpe de 1964, que deu inicio ao período de repressões, censuras, torturas, desaparecimentos e mortes que marcaram o regime militar. Durante os 21 anos da ditadura no país, cerca de 434 pessoas foram mortas, segundo informações da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Delas, 210 ainda continuam desaparecidas.
Num dia como o de hoje o Brasil foi liberto. Obrigado militares de 64! Duvida? Pergunte aos seus pais ou avós que viveram aquela época como foi? pic.twitter.com/eEJVgfEDhz
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) 31 de março de 2019
Após a notícia sobre o vídeo ser divulgada, usuários do Twitter estão utilizando a rede social para questionar quem são os responsáveis pela produção e pela divulgação da peça, além de cobrar explicações do Planalto. “Quem bancou o vídeo? Quem produziu? A mando de quem? Qual a participação do governo federal nesse negócio?”, questionam os usuários.
Palácio do Planalto distribui um vídeo apócrifo, com a fala de um senhor sem identificação, com elogios ao Exército e ao golpe militar de 64. Quem o produziu, quem é o responsável, quem pagou? O anonimato é vedado pela Constituição de 1988.
— Rubens Valente (@rubensvalente) 31 de março de 2019
Sem dar mais palco do que essa pataquada merece:
Quem bancou o vídeo? Quem produziu? A mando de quem? Qual a participação do governo federal nesse negócio?
Se comprovado o dedo do Planalto, tem crime de responsabilidade aqui, hein.https://t.co/QjIUcJ4eIN
— Igor Natusch (@igornatusch) 31 de março de 2019
O vídeo do Planalto é uma das coisas mais repugnantes que vi na política. É cretino. É mentiroso. É manipulador.
Jovens: Sigam o conselho do narrador, procurem revistas e vídeos da época. Qualquer pesquisa rápida desmorona essa farsa.
— Rosana Pinheiro-Machado (@_pinheira) 31 de março de 2019
Tentei escrever algo que traduzisse o repúdio ao vídeo do Planalto saudando a ditadura. Não deu. Assessoria nem se dá o trabalho de maiores explicações. Novo governo quer reescrever a história fraudando fatos, desrespeitando memória das vítimas, inventando narrativas torpes. Asco
— George Marques (@GeorgMarques) 31 de março de 2019
O vídeo que o Planalto publicou hoje é motivo bastante para o impedimento de Bolsonaro, basta uma rápida vista na CF de 1988. E nada acontecerá porque nossa imprensa é venal, nosso judiciário é uma milícia e, bem, a milícia chegou ao poder.
— SeoCruz ☭🌀 (@SeoCruz) 31 de março de 2019
*Com informações do jornal O Estado de S. Paulo