Pela primeira vez uma mulher discursará na abertura de uma Assembleia Anual da Organização das Nações Unidas. Seguindo a tradição iniciada por Osvaldo Aranha (ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil no governo Getúlio Vargas, chefe da delegação brasileira na ONU, recém criada, e presidente de sua 2ª Sessão, em 1947), a presidenta Dilma Rousseff fará o primeiro pronunciamento da 66ª Sessão daquela entidade.
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Seu discurso ainda não está totalmente redigido, mas já se sabe que ele abordará um conjunto de temas que incluirão desde a crise econômica internacional até o apoio à criação do Estado Palestino. Dilma Rousseff reforçará a posição de destaque que o Brasil vem conquistando no cenário internacional nos últimos anos.
Com relação à crise econômica internacional, Dilma deverá cobrar a ausência de medidas de saneamento do sistema financeiro, que deveriam ter sido adotadas pelos países mais ricos já em 2008 e não foram tomadas até hoje, enfatizando que as consequências da crise estão sendo exportadas para os países menos desenvolvidos. Com relação ao Estado Palestino, Dilma deverá ignorar as restrições norte-americanas e israelenses ao seu reconhecimento pela ONU e enfatizar que ele é imprescindível para que inicie o processo de pacificação no Oriente Médio.
No plano interno, Dilma Rouseff deverá enfatizar as políticas sociais brasileiras e a estratégia da política de desenvolvimento com inclusão social, adotada nos dois últimos governos do país. O tom final do discurso será definido pela presidenta e ainda está em aberto.
Antes e depois do discurso inaugural, a presidenta Dilma Rousseff participará de mesas-redondas e reuniões com outros chefes de Estado, como os presidentes dos EUA, Barack Obama, da França, Nicolas Sarkozy, do México, Felipe Calderón, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron.
Será a mais importante viagem internacional da presidenta até aqui.
Nada mal para uma ex-guerrilheira que foi alvo de ataques durante a campanha eleitoral, que afirmavam que ela estava “proibida de entrar nos EUA”. A mesma direita raivosa, que espalhou boatos desse tipo naquela oportunidade, é a que se manifesta agora, afirmando que Dilma Rousseff se precipita: nem deve criticar a ausência de medidas efetivas anti-crise no sistema financeiro internacional, nem deve afirmar a necessidade da criação do Estado Palestino. Advogam, com isto, a omissão brasileira e a permanência do país numa posição secundária no conjunto das nações.