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11 de julho de 2011
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07:38

Turismo sexual e exploração de meninas no Brasil

Por
Sul 21
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Por suspeita de oferecer pacotes de turismo sexual na Amazônia brasileira, está sendo processado nos EUA e também no Brasil o proprietário da empresa americana Wet-A-Line Tour. Segundo reportagem publicada no sábado (09) pelo The New York Times, a empresa organizava expedições de pesca esportiva na região que serviam de pretexto para a prática de turismo sexual. De acordo com a denúncia judicial, a empresa recrutava meninas menores de idade para participar de passeios pesqueiros em um luxuoso barco de pesca no Amazonas, onde seriam coagidas a praticar atos sexuais com os seus clientes.

O processo norte-americano, que foi instaurado pelo Departamento de Justiça, está em risco de ser arquivado pela Corte Federal da Geórgia. No Brasil, a investigação corre por conta da Polícia Federal e despertou a atenção da ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes.

Segundo a declaração da ministra à Folha de São Paulo no domingo (10), “este processo não pode ser arquivado. Seria um brinde à impunidade”. De acordo com a ministra, após a análise da situação do processo será decidida a criação ou não de uma comissão para ir à Amazônia verificar o que acontece na região com relação à exploração do turismo sexual.

As suspeitas sobre os fatos são fortes e existem há já algum tempo. Conforme a afirmação de um funcionário da Equality Now, uma ONG de defesa dos direitos femininos de Nova Iorque que ajudou a instaurar a ação judicial nos EUA, a multimilionária empresa do turismo sexual internacional está cada vez mais centrada no Brasil: “o Brasil está superando a Tailândia como o destino preferido de férias sexuais no mundo”, disse ele ao NYT.

Os casos de prostituição infantil são conhecidos no Brasil e estão, quase sempre, associados à miséria e à ignorância das famílias, de um lado, e à ganância de empresários inescrupulosos, de outro. Diversas ações governamentais foram desenvolvidas nos anos recentes visando sanar os males que levam meninas a se prostituírem (ou serem prostituídas). Campanhas foram feitas contra o turismo sexual, principalmente no Nordeste brasileiro. Os resultados, no entanto, são, ainda, pouco satisfatórios.

A existência de empresas que intermedeiam e facilitam o “turismo sexual de pesca” na Amazônia e no Pantanal brasileiro é reconhecida e até alardeada pelos moradores destas regiões. Basta investigar para que as evidências apareçam. A comissão que vier (se vier) a ser constituída pela ministra Iriny Lopes, com certeza, terá poucas dificuldades para encontrá-las.


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