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4 de agosto de 2011
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18:03

Metamorfose ambulante: Grêmio muda técnico de novo e Roth vem aí

Por
Sul 21
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Divulgação / Site oficial de Celso Roth
Celso Roth, que treinava o Inter até abril deste ano, deve ser confirmado no Grêmio | Foto: Divulgação / Site oficial de Celso Roth

Igor Natusch

O clima de mudança, tão elogiado em várias situações da vida, parece ter se tornado viciante para o Grêmio. Em um mês, o time gaúcho mudou treinador, mudou dirigentes, chamou Paulo Pelaipe, eliminou o cargo de vice de futebol e agora está mandando embora o recém-contratado treinador Julinho Camargo e o preparador físico Flávio de Oliveira. E o novo treinador gremista, terceiro em pouco mais de um mês, é um velho conhecido gremista, embora não exatamente um amigo – ninguém menos que Celso Roth. A confirmação foi feita há instantes, no site oficial do clube. A apresentação deve ocorrer a partir das 15h30 desta quinta-feira (4).

A confirmação da saída de Julinho Camargo ocorreu em circunstâncias inusitadas. Comentada por setoristas do Olímpico desde o começo da manhã, a demissão do treinador foi confirmada no site oficial do clube em uma matéria que não tratava diretamente do assunto, e sim de outra contratação: a do novo preparador físico Paulo Paixão.

O texto, intitulado “Paulo Paixão é novo preparador físico do Grêmio”, traz em destaque a foto de Paixão e a informação de que Roger Machado será técnico interino contra o Palmeiras. Ao homem que até poucas horas atrás era comandante do vestiário gremista, a notícia destina uma única frase.”O treinador Júlio Camargo e o preparador físico Flávio de Oliveira não fazem mais parte da comissão técnica do Grêmio”, informa a nota, lá no terceiro parágrafo.

Reprodução
Site do Grêmio anunciou demissão de Julinho Camargo em matéria que destacava chegava de Paulo Paixão | Foto: Reprodução

Julinho Camargo: 33% de aproveitamento

A situação de Julinho Camargo tornou-se insustentável depois do empate desta quarta contra o Atlético-MG, por 2 a 2, dentro do Olímpico. Duas vezes o Grêmio esteve ganhando e duas vezes permitiu que os mineiros igualassem o placar. A campanha do treinador foi ruim: em seis jogos, venceu apenas um, empatando três e perdendo dois, com 33,3% de aproveitamento.

Após o jogo, muitas críticas foram feitas ao Grêmio que entrou em campo, com um meio de campo formado por três volantes de origem – Fábio Rochemback, Gilberto Silva e Adílson – e um solitário articulador – Escudero, que não é da função. Além disso, estariam ocorrendo dificuldades de Julinho para mobilizar o vestiário e conquistar o respeito dos jogadores.

Mesmo recém-chegado, o diretor de futebol Paulo Pelaipe teria concluído que a proximidade do rebaixamento – o Grêmio tem 14 pontos, apenas um a mais que o primeiro rebaixável, o Avaí – exigia a presença de alguém mais experiente e com pulso mais firme. Paulo Odone, que apostou em Julinho, concordou. E os ventos da mudança, uma vez mais, sopram no Olímpico.

O treinador de 40 anos trabalhou durante muito tempo nas categorias de base do Grêmio, período no qual ganhou a admiração do presidente gremista Paulo Odone. Como treinador de profissionais, porém, nunca havia tido experiência em grandes clubes. O anúncio de seu nome foi considerado uma surpresa, ainda mais para substituir Renato Portaluppi, um dos ídolos máximos da história gremista e treinador que, mesmo após meses de maus resultados, seguia tendo o apoio da torcida. A pressão por resultados imediatos, combinada com a falta de imposição junto a um grupo milionário, parece ter sido o último sinal de que a aposta, no fim das contas, não tinha funcionado bem.

Celso Roth: um apagador de incêndios

O novo treinador gremista já conduziu o Grêmio outras duas vezes e ganhou, especialmente nos grandes clubes gaúchos, a fama de apagador de incêndios. Na passagem anterior pelo Grêmio, Celso Roth assumiu no começo de 2008, após a insólita demissão de Vagner Mancini: mesmo invicto, foi posto para rua por Paulo Pelaipe, o mesmo dirigente que acaba de repatriar Roth uma vez mais. Meses depois, em abril, esteve prestes a ser demitido, ao ser eliminado na mesma semana no Gauchão, pelo Juventude, e na Copa do Brasil, diante do Atlético-GO.

Roth, recém saído do Inter, foi vice-campeão do Brasileirão 2008 com o Grêmio | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Roth estreou no Brasileirão daquele ano, diante do poderoso São Paulo, com a corda no pescoço. Venceu por 1 a 0, fora de casa, gol de cabeça do zagueiro Pereira. E conseguiu fazer uma campanha que, segundo os mais maldosos, resume seu estilo: sagrou-se vice no Campeonato Brasileiro, depois de abrir larga e surpreendente vantagem com relação aos demais clubes, vitimado por algumas derrotas inesperadas e por uma arranca irresistível do mesmo São Paulo que, no começo da competição, significou a manutenção de seu emprego.

Celso Roth foi demitido do Grêmio em meio à Libertadores de 2009, mesmo tendo vencido todos os jogos na competição prioritária do tricolor. O motivo: foi mal no Gauchão, sofrendo três derrotas consecutivas diante do arquirrival Internacional. A decisão abriu espaço para uma longa espera por Paulo Autuori – e para algumas críticas dentro do clube, vindas de dirigentes que consideraram a saída de Celso Roth prematura e injusta. Terá, a partir de agora, a chance de recomeçar de onde parou.

A última equipe treinada por Roth antes do retorno ao Olímpico foi o vizinho e co-irmão Internacional, em uma jornada de glória e desgraça. Assumindo logo após Jorge Fossati, Celso Roth conseguiu conduzir o Inter ao segundo título na Libertadores da América, em 2010. Em dezembro, porém, tropeçou na semifinal do Mundial de Clubes, abatido pelos congoleses do Mazembe – um dos resultados mais insólitos e, segundo os mais críticos, vergonhosos da história do Internacional. Foi demitido no primeiro semestre deste ano, depois de uma sequência de maus resultados que potencializou seu desgaste com o então vice de futebol colorado Roberto Siegmann.


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