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28 de agosto de 2011
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14:23

Especialistas criticam formação de jogadores nos clubes brasileiros

Por
Sul 21
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Estádio Olímpico sediou seminário sobre formação de jogadores de futebol | Foto: Divulgação/Grêmio

André Carvalho

Cada vez mais negócio – e um negócio lucrativo -, o futebol ainda patina na falta de profissionalismo, especialmente na formação de jogadores. Foi o que alertaram os especialistas na área que participaram, nos últimos dias, de um seminário nas dependências do estádio Olímpico, em Porto Alegre. Profissionais da área da saúde esportiva,  treinadores de categorias de base e empresários de futebol de mais de 14 Estados, bem como  estudantes e professores de educação física, se reuniram no seminário “Os alicerces da formação nas categorias de base”.

O encontro reuniu grandes nomes do futebol mundial, como o ex-jogador do Barcelona e atual gerente de prospecção do clube catalão na América do Sul, Jordi Melero, o ex-técnico adjunto do FC Porto, Nuno Amieiro, e o Gerente de Prospecção da Internazionale, Antoni Lima. O diretor da Universidade do Futebol, João Paulo Medina, e o professor adjunto de educação física da UFRGS, Alberto Monteiro, fecharam a grande mesa de debatedores.

Um dos temas abordados no evento foi a falta de estabilidade nos clubes brasileiros. Nuno Amieiro apontou o triste hábito de demitir treinadores ao longo de uma temporada. “Peguemos o Grêmio como exemplo. Quantos treinadores já passaram pelo Grêmio desde o início do ano? Três. E quando muda-se o técnico, muda-se o preparador físico, que muda as estratégias, as táticas, os treinamentos. O jogador fica louco”, afirmou Nuno, defendendo a importância de se ter um treinador constante, mesmo que os resultados não sejam favoráveis.

Já Jordi Melero e Alberto Monteiro levantaram a questão da importância da interdisciplinaridade profissional no futebol. Eles buscaram mostrar que o futebol está além das quatro linhas de campo. “Saber reconhecer a necessidade de cada profissional que atua para melhorar o desempenho dos atletas – desde um psicólogo, passando por um motivador, até os fisioterapeutas e preparadores – é fundamental para um clube que almeja grandes vitórias”, disse Monteiro.

Por outro lado, João Paulo Medina abordou a necessidade do olheiro com uma visão, do que ele chama de ‘multidisciplinar’. Como exemplo, ele fez referência ao caso do zagueiro Lúcio, quando contratado pelo Internacional, após uma vitória de muitos gols sobre o Guará, time que defendia a época. “O Lúcio não conseguiu parar o ataque do Inter naquele 7 x 1. Apesar da larga derrota e das grandes falhas do zagueiro, o Inter veio a contratá-lo semanas depois. Posteriormente ele acabou se tornando atleta de grande expressão. Isso foi a boa visão multidisciplinar do olheiro, que soube reconhecer as qualidades, acima dos erros. Talvez se ele tivesse se apegado somente as falhas do atleta, o Lúcio hoje estaria jogando em equipes de pouca expressão”.

Após o debate, Antoni Lima, em entrevista ao Sul21, falou sobre a mercantilização do futebol e a transformação dos clubes em grandes marcas. “O futebol hoje, já não é mais tão simples quanto antigamente. Qualquer clube grande da Europa se transformou em multinacionais. Aqui, na África ou na China, todo mundo reconhece uma camisa do Barcelona ou da Internazionale. São marcas que estão em todo lugar e que todo mundo quer ter. Uma bola, uma boné, um chaveiro. Os principais lucros destas equipes vem do marketing. Consequentemente, é este setor que mais ganha, por exemplo, nos lucros de uma partida. 60% chegam a destinar algumas equipes”, assegurou o empresário.

E completou, mostrando que de nada adianta ter um bom marketing se não se tem um bom quadro de gerentes de futebol na administração do time. “Uma equipe precisa, antes de mais nada, ter organização. A partir daí, ter um planejamento que esteja dentro de suas condições econômicas e sociais, para se pensar nos objetivos e metas a serem alcançadas ao longo da temporada. Claro que quando se disputa um campeonato, Todos querem ganhar. Mas tem que fazer uma avaliação das reais possibilidades disso acontecer. E para isso, quem esta a frente do clube precisa saber enxergar as qualidades e os problemas, para então solucioná-los”.


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