De Poa
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30 de junho de 2022
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14:35

De Quinta: É hora de discutir aborto nas eleições

De Quinta: É hora de discutir aborto nas eleições
De Quinta: É hora de discutir aborto nas eleições

A partir de casos de grande repercussão na imprensa, o aborto foi uma das principais pautas discutidas no Brasil nas últimas semanas. Nesta temporada do De Quinta voltada para as eleições, perguntamos: chegou a hora de debater o aborto como pauta eleitoral? O programa a professora do Departamento de Estudos de Gênero e Feminismo da UFBA, Maíra Kubík Mano, para uma conversa sobre o tema. A apresentação é de Luís Eduardo Gomes, Felipe Prestes e Maria Eduarda Romagna.

Maíra avalia que a discussão sobre a legalização do aborto deveria ser um tema naturalmente tratado durante os períodos eleitorais por se tratar de uma questão de liberdades democráticas, mas acaba sendo um tabu mesmo para o campo progressista.

“Em geral, a esquerda, a centro esquerda e os progressistas tem essa postura de não tentar tocar nesse tema, né? A percepção é que se falar sobre isso, a gente vai perder votos, vai perder o eleitorado. E aí, quando o Lula fala sobre isso, gera um debate enorme, principalmente na internet, mas na sociedade em geral. Porque é a principal figura hoje do campo progressista, foi presidente duas vezes, dizendo que aborto é uma questão de saúde pública, dizendo o óbvio. Óbvio que aborto é uma questão de saúde pública no Brasil. São 500 mil interrupções voluntárias de gestação realizadas de maneira ilegal no nosso País. Isso é uma estimativa por baixo, feita pelo estudo da UnB, da Débora Diniz”, diz.

Por outro lado, ela destaca que um dos principais desafios sobre o tema são as barreiras impostas mesmo para os casos em que o procedimento é legalizado.

“É surpreendente, e não é, que a gente esteja essa altura do campeonato discutindo se uma menina de 11 anos teria ou não um direito aborto legal sendo vítima não estupro. Criança, não é mãe, como as feministas têm falado de uma maneira muito enfática. É óbvio que ela tem direito a esse aborto, mas a gente tá numa situação de tantas restrições ao aborto legal que eu acho que essa é uma das grandes batalhas que a gente tem que encampar para para conseguir garantir que esse aborto seja efetivado. E eu acho que é importante dizer que a maior parte da sociedade brasileira apoia o abortamento legal. A gente tem uma discussão, eu acho, muito difícil sobre a questão do abortamento em todos os casos, que não tenha restrições e condicionalidades, o que de fato a maioria da sociedade não apoia. Mas, no caso do abortamento legal hoje previsto, a sociedade brasileira apoia. A gente tem as pesquisas mais recentes do Datafolha e do Instituto Patrícia Galvão, os números variam entre 60 e 70%. Então, quer dizer que a maioria das pessoas entende que, se uma menina de 11 anos é estuprada, ela tem direito ao aborto”, diz.

Confira a seguir a íntegra do episódio:


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