De Poa
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5 de maio de 2022
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15:47

De Quinta: A disputa nas redes sociais

De Quinta: A disputa nas redes sociais
De Quinta: A disputa nas redes sociais

As redes sociais tiveram um papel decisivo nas eleições de 2018 e certamente serão primordiais na disputa em 2022. De olho nesse tema, o podcast De Quinta, do Sul21, recebe o analista de dados e redes Pedro Barciela para uma conversa sobre o que mudou entre as duas eleições, quais temas devem dominar a disputa nas redes e como as candidaturas devem se comportar.

Questionado sobre as mudanças nas redes sociais ao longo das últimas décadas, que viu um enfraquecimento da esquerda e o crescimento do bolsonarismo e da extrema-direita, Barciela avalia que foi um processo que envolve diversos fatores. “A gente não pode esquecer que tem um processo que vai ser extremamente pesado com as eleições de 2014, um processo pesado. As eleições não terminam com a posse da então presidenta Dilma Rousseff. A gente tem um processo de impeachment, a gente tem depois o início da Lava Jato, a gente tem a consolidação do impeachment da Dilma, um início de um processo que vai culminar com a eleição do Jair Bolsonaro em 2018. Então, a gente tem todo um processo de criminalização da política, em última instância, de enaltecimento do antipetismo, que acaba por influenciar diretamente as redes sociais. As redes sociais, naquele momento, passam a refletir esse processo, que é político, que passa por parte significativa da imprensa, que é de criminalizar a política e, principalmente, criminalizar o PT, movimentos sociais, a esquerda como um todo. Era muito difícil a esquerda sair daquele corner em que ela estava até 2018”, diz.

Ele destaca que esse processo começa a arrefecer justamente com a chegada de Bolsonaro ao poder. “Com a eleição do Bolsonaro e com ele assumindo o poder, fica nítido que o que compunha o antipetismo, não só na vida política, mas nas redes sociais, era uma massa de alianças contranaturais. Eu uso esse termo para falar das alianças políticas que são contranaturais quando a gente pensa, por exemplo, que ele juntava ali neoliberais, que têm um viés político, com Exército e Forças Armadas, que têm outro viés político, se a gente pensar, com outros movimentos que eram apenas antipetistas e com alguns outros movimentos muito mais ligados ao Centrão, por exemplo. E isso acaba por começar a se dissolver”, diz Barciela, citando como exemplo a saída de nomes como Gustavo Bebianno do governo logo em seu início.

Barciela avalia que a atual conjuntura da disputa nas redes é marcada por um novo momento, que é justamente o crescimento do antibolsonarismo, assim como fora o antipetismo, como força aglutinadora de forças distintas, um processo que ele considera ser totalmente diferente do que fora o período de dominância da esquerda nas redes durante a virada do governo Lula para o governo Dilma.

“A gente vai ver depois a Lava Jato começar a se dissolver com novas denúncias, com o Moro saindo do governo. Então, o que era até então o antipetismo acaba se reduzindo, em determinado momento, ao bolsonarismo. A gente vai ter depois ali em 2020, no começo de 2021, uma tentativa, de certa forma, de se recompor esse antipetismo, não acredito que hoje haja espaço para essa recomposição nas redes sociais. Então, de uma maneira geral, eu creio que muito mais do que a esquerda ter se fortalecido de fato e ter voltado aos tempos de 2010, muito mais do que isso ter acontecido, o que de fato aconteceu foi o arrefecimento e a dissolução do antipetismo e a consolidação do bolsonarismo como uma força da polarização extremamente isolada, aglutinada, mas extremamente isolada. E a consolidação, num outro polo, de um antibolsonarismo, que em determinados momentos, aí sim, vai cumprir um papel que foi do antipetismo em outro momento. Porque o antibolsonarismo vai acabar envolvendo alguns dissidentes do lavajatismo, ele vai absorver figuras até como o próprio Weintraub, mas vão ter algumas questões liberais, algumas forças ligados ao pedetismo, vão ter forças ligadas a Marina Silva, enfim, diversos outros atores que vão estar consolidados nesse antibolsonarismo, que hoje, dentro desse campo, o antibolsonarismo crítico da Lava Jato seria essa força que destoa ali dentro. Mas essas questões ligadas ao antibolsonarismo estão muito distantes do que foi, lá em 2010, 2011, o que a gente entendia como blogs petistas e a força que a esquerda tinha nas redes sociais”, diz.

Confira a íntegra da conversa com Pedro Barciela nas plataformas abaixo:


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