Opinião
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5 de junho de 2024
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17:10

O dever de regenerar e garantir o futuro (por Vicente Lutz)

Foto: Isabelle Rieger/Sul21
Foto: Isabelle Rieger/Sul21

Vicente Lutz (*)

Neste dia cinco de junho se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, data estabelecida pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1972. Neste ano a temática é a restauração de terras, a desertificação e a resiliência à seca. Questões que foram presentes no Estado do RS nos últimos períodos e contrastantes com a realidade dos recentes eventos climáticos de enchentes.

A identidade do Rio Grande do Sul está nas florestas da mata atlântica do nosso litoral norte e serra geral, mas também nos ricos campos do pampa. Temos rio no nome e na identidade, nossas 25 bacias com seus arroios e nascentes formam, também, nossa personalidade. O amor gaúcho por sua terra é representado por esta paisagem, hoje tão abalada pelas mudanças climáticas e seus eventos extremos. Nosso solo foi varrido pelas águas, nossos bairros e moradias destruídas pela enchente. Precisamos reconstruir nossas cidades e restaurar nossa terra com centralidade no meio ambiente, com sustentabilidade e consciência ambiental.

Os ecossistemas nos ensinam sobre a conexão que todos os seres vivos e a natureza possuem, com suas diferentes dinâmicas demonstram como a vida se manifesta nos diferentes ambientes. A Constituição Federal de 1988 no artigo 225 define que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, devendo ao poder público e a coletividade preservar e garantir qualidade de vida para as presentes e futuras gerações. A revitalização dos nossos ecossistemas deve ser baseada em uma sociedade na qual seus modos de vida, suas atividades comerciais, sua economia, suas estruturas físicas e suas tecnologias não interfiram na capacidade da natureza em sustentar a qualidade da vida, garantindo o presente e o futuro.

A visão simplista do mundo nos mantem alienados diante da natureza, ignorando que vivemos num mundo superpovoado e globalmente conectado. O planeta Terra é fantástico e numa sinfonia nos fornece vida e saúde, baseado em processos equilibrados que mantêm e garante a milhões de anos a existência dos seres vivos. A visão reducionista e o negacionismo afastam a compreensão que nós, humanos, somos parte de um organismo maior. Proteger nossos rios, nossas matas, nossos campos, também é proteger a nós mesmos.

À medida que o século XXI avança fica mais evidente que os principais desafios do nosso tempo são as mudanças climáticas e o meio ambiente, estando conectados com todas as facetas e crises que estamos enfrentando e ainda vamos enfrentar. Durante muito tempo usamos da natureza para produzir riqueza.

Que comecemos a usar a riqueza para proteger e recuperar a natureza. Muitos dizem que herdamos de nossos pais o mundo em que vivemos, e pegamos emprestado o mundo de nossos filhos e netos. Agora, temos o dever de entregar e garantir o mundo com qualidade de vida, paisagens preservadas e meio ambiente equilibrado para todas as futuras gerações.

(*) Mestrando GESPLA-IPH-UFRGS

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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