Opinião
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13 de fevereiro de 2024
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07:31

Gaúchos na escuridão (por Gerson Carrion)

Ações judiciais apontam série de irregularidades que teriam sido cometidas por terceirizada | Foto: Sergio Louruz/SMAMUS PMPA
Ações judiciais apontam série de irregularidades que teriam sido cometidas por terceirizada | Foto: Sergio Louruz/SMAMUS PMPA

Gerson Carrion (*)

Os aliados de Eduardo Leite insistem em aplicar na população gaúcha a criação de uma “comissão especial” para “curto-circuitar” a CPI da falta de energia elétrica no parlamento do Rio Grande do Sul. Um “choque político” desastroso e letal ao interesse público do nosso povo, com indícios de desvio de finalidade, gambiarra e “baypass” político… Uma atitude inconsequente, indecente e de caráter nocivo para a população riograndense, que permanece sofrendo com as prolongadas e inexplicáveis quedas de energia elétrica que resultam em comprovados prejuízos na qualidade de vida de todos os clientes, reféns desse serviço público essencial, que honram, com sacrifício, o pagamento em dia do elevado valor do “quilowatt-hora” das suas faturas, que são embolsados com extrema agilidade por essas, comprovadamente, incompetentes concessionárias privadas.

É hora do consumidor gaúcho de energia elétrica e, também, eleitor, rebelar-se e indignar-se, denunciando e sublinhando como diversionistas contumazes todos os deputados estaduais que subscreveram o requerimento dessa fantasiosa e enganosa comissão especial, que tem, como único objetivo, o de querer “justificar o injustificável”, diante dos gravíssimos problemas recorrentes gerados por essa irresponsável falta de energia elétrica, oriunda dos péssimos e desqualificados serviços prestados pelas concessionárias Equatorial e RGE.

Uma comissão especial obscura, oportunista e intempestiva, somente para enganar e ludibriar as pessoas de boa-fé, ao subestimarem a “inteligência” das cidadãs e dos cidadãos do Rio Grande do Sul que são “torturados” por essas concessionárias privadas de energia elétrica a cada pedido de socorro público, que suplica o restabelecimento de um serviço público essencial.

É mais uma “ardilosa” manobra de ação política nociva do governo privatista de Eduardo Leite, entreguista do patrimônio público energético dos gaúchos a preço vil e vexatório, um governante que ostenta o título de ter sido eleito para “escurecer o Estado”, e causar prejuízos inimagináveis ao nosso Povo, em nome da “ganância” dos seus “semideuses” do mercado” (em especial do seu doutrinador, privatista e golpista, Jorge Lemann!), que visam, tão somente, priorizar obstinadamente o lucro acima de tudo, em detrimento da qualidade dos serviços públicos essenciais de energia elétrica ao consumidor gaúcho.

Basta de escuridão e artimanhas políticas condenáveis, que pressionam e forçam, desesperadamente, pela instalação dessa cômica e circense comissão especial, sem prerrogativas legais e investigativas.

Esse (des)governo, e seus cúmplices do parlamento riograndense, estão buscando, despudoradamente, obscurecer as investigações de uma legítima CPI com poderes constitucionais e regimentais para iluminar e dar luzes e esperança ao consumidor gaúcho, no sentido de que os responsáveis por reiteradas e longas faltas de energia no Estado, sejam severamente punidos e responsabilizados.

Somente após isso, a oferta e garantia de energia elétrica com segurança, confiabilidade e qualidade, em tempo e hora, será restabelecida e normalizada em níveis de qualidade de um serviço público essencial que assegure a qualidade de vida da população gaúcha.

Por tudo isso, já está passando da hora de uma contundente e emblemática reação popular contra essa obscura manobra, de uma “gambiarra política”, que confirma a prática de artimanhas contínuas, com discursos e narrativas político/ideológicas fraudulentas, defendendo que a privatização das empresas públicas do Grupo CEEE (patrimônio público energético dos gaúchos de oito décadas!), se impunha, que seria inadiável, salvadora e calcada no famoso, famigerado e enxovalhado “mantra do milagre da privatização”, de que tudo ficaria, definitivamente, resolvido, ou seja, “zero problemas”, em nome de uma competência duvidosa e hoje, comprovadamente, desqualificada, dessas concessionárias privadas que não garantem nem sustentam os investimentos e a oferta de energia elétrica com qualidade, segurança e confiabilidade, através da prática de tarifas e preços justos perante os consumidores gaúchos.

Salta aos olhos, claro como o sol, que uma grande parcela de agentes políticos, representantes eleitos por agremiações partidárias com bandeiras históricas emblemáticas que se posicionavam brava, aguerrida e intransigentemente, contra a privatização e entreguismo do patrimônio público energético do Estado e do País, estejam se negando a assinar a “CPI da Escuridão” e que, na contrapartida, curto-circuitam na “velocidade da luz” suas próprias consciências, tanto pessoais quanto partidárias, ao subscreverem e assumirem, indevidamente, um conflito ideológico lesivo, traumático, inoportuno, duvidoso e desvirtuado do caráter e personalidade política do partido que representam, quando endossam, avalizam essa “Comissão Especial do Rio Grande na Escuridão”, (apelidada de “Apagão/RS”), descaracterizada e desprovida de poderes legítimos e legais de obrigações investigativas inadiáveis, traindo suas próprias consciências.

Lembrem-se, senhoras e senhores Parlamentares, de todas as agremiações políticas do Estado, o consumidor gaúcho de energia elétrica e também eleitor, consciente e sofrendo sérios prejuízos com as contumazes e recorrentes faltas de energia em expressivo número de municípios do Estado, cobrará fortemente através do seu voto nas eleições municipais desse ano de 2024, para prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, a coerência e decência, dando um basta aos discursos e narrativas enganosas e mentirosas sobre a falta de energia elétrica nas suas unidades consumidoras.

Esse é um momento político inadiável e intransferível dos Poderes Executivos e Legislativos dos municípios do Rio Grande do Sul agirem com altivez, exigindo, unanimemente, que seja garantida uma investigação isenta, imparcial e republicana, através da instalação imediata de uma CPI, legal e legitimada, que consiga retirar o povo gaúcho da escuridão, declinando de “movimentos regimentais alternativos” no Parlamento Gaúcho, através dessa tentativa de criarem uma ilusória comissão especial, com fragilidade e sustentabilidade regimental incompatíveis para instalação de uma profunda e rigorosa investigação, gerando um ambiente duvidoso e nebuloso, de soluções efetivas em benefício da população gaúcha, que clama e exige “energia elétrica de qualidade” para as suas vidas.

Nesse trilho das prerrogativas legais de uma legítima e inadiável CPI, a população com certeza terá uma resposta efetiva para os gravíssimos problemas cotidianos de falta de energia, evitando assim, prudentemente, que uma precária, arriscada e inconsistente comissão especial, seja instalada, consolidando “um faz de conta” para, mais uma vez, irresponsavelmente, ludibriar os seus maltratados clientes, que são os consumidores gaúchos desse produto essencial.

Pobre povo gaúcho que, mergulhado na escuridão, ainda corre o risco de ser abandonado pelos próprios deputados e governantes que elegeu!

“CPI JÁ”… luzes para o Rio Grande se libertar da escuridão e da recorrente e reincidente falta de energia elétrica!

(*) Ex-Presidente das Empresas Públicas do Grupo CEEE

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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