Opinião
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10 de maio de 2023
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14:03

Programa Assistir: um impacto assustador na saúde de Porto Alegre e região metropolitana (por Julio Jesien)

Programa Assistir foi lançado em 2021 pelo governo Eduardo Leite (Foto:  Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini)
Programa Assistir foi lançado em 2021 pelo governo Eduardo Leite (Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini)

Julio Jesien (*)

Em agosto de 2021, o governo estadual deu início ao Programa Assistir, com a promessa de otimizar a distribuição do financiamento dos recursos aos municípios, bem como resolver adversidades de longa data no setor da saúde. Porém, não houve a inclusão de qualquer tipo de novos investimentos. Passados dois anos, nota-se um impacto assustador na saúde de Porto Alegre e da região metropolitana.

Ainda que não se tenha procedido à diminuição do financiamento dos municípios, a quantia destinada tornou-se insuficiente devido à elevação dos preços gerada pela pandemia, os quais não reduziram com o término da pandemia de SARSCOVID/19. É o caso dos hospitais de Cachoeirinha e Alvorada. 

Para seguir exemplificando ao leitor, em Viamão e Canoas, os hospitais tiveram consideráveis perdas de verbas. No caso do Hospital Viamão, a redução é de mais de 5 milhões de reais por mês e como consequência, já fechou a maternidade, a ortopedia e a traumatologia deste hospital que é referência para quem sofre acidentes na estrada RS-040. Em Canoas, a diminuição de verbas ultrapassa os 85 milhões ao ano.

Em meio a tudo isso, as associações civis privadas vão tomando conta, deixando como consequência problemas: o GAMP declarou falência sem pagar as indenizações de quase 3 mil colaboradores, a ACENI foi afastada da gestão do Pronto Socorro e a FUNAM foi afastada pela justiça da gestão do Hospital Universitário, além dos constantes impasses gerenciais no Nossa Senhora das Graças, os quatro casos em Canoas. A gestão do Hospital São Vicente de Paulo em Osório também foi afastada pela justiça, e está sob intervenção, o que destaca a seriedade do problema.

Finalmente, no centro de tantas dificuldades relacionadas ao financiamento, gestão e escândalos na área da saúde, encontram-se os profissionais que trabalham em hospitais e clínicas. Devido às disparidades geradas pelo Programa Assistir, aqueles que testemunham o fechamento de leitos do SUS temem perder seus empregos, não receber as verbas rescisórias, ficar sem o seguro-desemprego e ter seus direitos retirados sem mais nem menos.

É fundamental que as autoridades gestoras, o Estado, os profissionais da saúde e a população discutam o que acontece atualmente com a saúde. Não podemos fechar os olhos para os problemas que afetam os usuários e os profissionais, especialmente em tempos pós-pandêmicos. O sistema de saúde foi submetido a um teste e respondeu com brilhantismo graças ao esforço dos profissionais da saúde, que trabalharam longas horas e estiveram expostos diretamente ao vírus – comprometendo inclusive a saúde de seus familiares. 

É essencial que todos trabalhem juntos para encontrar soluções e melhorar a situação da saúde no estado. Nós estamos dispostos a encarar esse problema, mas precisamos de outra postura por parte do governo estadual.

(*) Presidente do Sindisaúde-RS

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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