Opinião
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7 de julho de 2022
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19:44

Divisões e derrotas anunciadas (por Benedito Tadeu César)

Foto: Felipe Dalla Valle / Palácio Piratini
Foto: Felipe Dalla Valle / Palácio Piratini

Benedito Tadeu César (*)

Há uma tradição há muito instalada no Rio Grande do Sul. A de que a divisão dos partidos do campo democrático social trabalhista (PT, PDT, PSB, PCdoB e PSOL) implica em grande probabilidade de derrota em favor dos candidatos de direita e/ou de centro-direita.

Poderíamos remontar a análise aos primórdios da República, mas será suficiente nos atermos ao período democrático recente, iniciando com as eleições para governadores em 1982, ainda nos estertores da ditadura militar, quando a divisão do campo democrático social trabalhista, que naquele momento incluía o PMDB, levou à vitória do candidato do PDS, que pertencia um partido de sustentação da ditadura militar, com uma vantagem de apenas 0,66% dos votos.

Nos anos seguintes, apenas em dois pleitos ocorreram vitórias de partidos desse campo concorrendo sozinhos: em 1990, com o PDT, e em 2010, com o PT. Desunidos, eles foram derrotados em 2002, 2006, 2014 e 2018.

Ao longo das últimas décadas, ressentimentos se constituíram entre partidos desse campo, com acusações de hegemonismo e de traições mútuas.

PDT e PT se distanciaram. O PSB manteve-se como um partido pendular, ora aliando-se a partidos de um campo, ora a de outro. O PSOL, oriundo do PT, radicalizou-se e somou mágoas com o partido originário. O PCdoB manteve-se no campo da esquerda.

Hoje, as pesquisas eleitorais são claras. Mais uma vez, desunidos os candidatos do campo democrático social trabalhista terão grande probabilidade de serem derrotados. Unidos eles se tornam competitivos e com chances reais de vitória.

A esperança de que uma candidatura isolada do campo democrático social trabalhista possa ser alavancada pela candidatura Lula ou Ciro soa como expressão de desejo, pois o atual detentor do cargo presidencial lidera a corrida no estado.

Pesquisas refletem o momento e eleições se decidem apenas depois da apuração das urnas, mas as evidências, no RS, não são alentadoras para aqueles que têm compromisso com a democracia, a cultura e as artes, a ciência, a justiça, a diversidade, o respeito à natureza e aos povos originários.

É hora de deixar de lado a demarcação de espaço no interior dos partidos. É hora de unir os democratas contra a barbárie.

No site do Avaaz há um Manifesto pela união dos partidos do campo democrático popular no RS. Se você concorda com essa proposta, entre lá e assine.

(*) Cientista político

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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