Opinião
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8 de julho de 2022
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14:33

Ainda sobre o Harmonia, Cais Mauá e outros (por Adeli Sell)

Imagem de projeto apresentado por empresa para a Orla do Guaíba. | Foto: Imagic
Imagem de projeto apresentado por empresa para a Orla do Guaíba. | Foto: Imagic

Adeli Sell (*)

Sempre se retomam velhos conceitos, tornando-os dilemas: grenalização, comportamento de caranguejo, mimimi etc e tal.  No caso do IV Distrito, Cais Mauá e  Harmonia não é disputa ideológica grenalizada e quejandos.

O Cais Mauá teve períodos de alinhamentos nas esferas governamentais, e mesmo assim não houve saídas viáveis. O poder público pode muito, mas não pode tudo. O poder econômico se omitiu.

O mesmo aconteceu com o IV Distrito. Neste caso, a encruzilhada está no Plano Diretor de 1959 e 1979 com a segmentação da cidade; tido ali como área industrial, quando as fábricas começavam a migrar para a área metropolitana. Cidades viáveis e que não morrem são miscigenadas.

As vias estão livres para o desenvolvimento do IV Distrito, mesmo do jeito que a lei está posta. Mas onde estão os capitalistas da capital?  Como na dobrada do século XIX para o XX se dizia que Porto Alegre tinha muitos endinheirados e poucos capitalistas.  Hoje é igual.

Os endinheirados são tacanhos e imediatistas. Lá pensavam em fazer casinhas para alugar e ganhar mais dinheiro. Atualmente, fazem arranha-céus de luxo ou condomínios fechadíssimos para outros endinheirados e ganhar dinheiro.

E o poder público não quer confronto com este visão. Talvez isto seja uma encruzilhada.

Os ambientalistas, os urbanistas de visão não tem força para puxar ninguém para o fundo do balde. Os endinheirados tem o poder de mando, e estão querendo mais edifícios altíssimos na Orla, quando o Centro decai a olhos vistos, com prédios fechados, salas para vender ou alugar. E falar de Barcelona é entender isto, para trazer gente para morar nestes locais é outra visão. O resto é papo. Sejamos sinceros, não tem grenal na política local na atualidade. Há uma dominância como na era castilhista, quando a maioria ditava tudo e quem não dançava a sua música era taxado de atrasado e maragato. 

Deveríamos ter um processo de Cidade Constituinte, com reuniões por bairros (ou outra forma), setoriais, uma Assembleia com critérios para decisões, como ponto de partida, para avançar em nosso desenvolvimento, bem como fazer nossa revisão do Plano Diretor que já vai atrasada.

(*) Adeli Sell foi vereador, é bacharel em Direito

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21


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