Alejandro Guerrero (*)
Em um curto espaço de tempo o Brasil ficou cara a cara com o homeschooling (aprovado na Câmara dos Deputados), com a PEC 206 (que foi engavetada, mas que se desafiava a cobrar mensalidades nas universidades públicas) e o corte orçamentário de 14% nas universidades e institutos federais. O cenário obscurantista que assola o Brasil tem como protagonista o próprio presidente da república. Bolsonaro está preocupado em sucatear a educação porque não apresenta soluções para os problemas que vivemos, pelo contrário, aposta em saídas neoliberais, como a privatização da educação. E esse projeto, que representa um retrocesso para a educação, precisa ser combatido com uma luta permanente.
O movimento estudantil protagonizou em 2019, no primeiro ano de governo Bolsonaro, a maior e mais ampla oposição. Os tsunamis da educação foram, naquele momento, aquilo que mais impôs derrotas ao Ministério da Educação. Derrotamos Weintraub, o então pior ministro da história do Brasil, que foi sucedido por outros tão ruins quanto – todos derrotados. Derrotamos o “Future-se”, a mais clara tentativa de privatizar a universidade pública. Durante a pandemia, e apesar dela, aprovamos o novo e permanente FUNDEB (inclusive com Custo Aluno Qualidade), com uma frente que contou com todos os partidos do Congresso. Essas derrotas que foram impostas a Bolsonaro não ocorreram do nada: existiram tendências na política de massas, atos de rua, mobilização nos territórios.
O próximo período exigirá uma resistência coesionada dos setores educacionais e a reversão do contigenciamento de 14% no orçamento precisa acontecer para ontem! Isso porque hoje o corte coloca em risco o funcionamento das instituições federais de ensino, assim como também prejudica a própria qualidade da educação. A resistência a Bolsonaro e todos os inimigos da educação é a garantia de que viemos para ficar e não vamos abrir mão do que conquistamos até aqui.
Viemos para ficar e queremos construir uma educação cada vez mais com a nossa cara.
Por isso além dos cortes e a luta contra a privatização do ensino superior, lutamos também pela manutenção das cotas. Nesse ano que discutimos os 10 anos da Lei de Cotas a defesa de uma universidade construída para e com o povo, para e com as negras e negros, para e com o povo indígena e quilombola, é essencial. Essa é a universidade que tanto sonhamos. Avançamos muito até aqui, especialmente nos governos de Lula e Dilma. Mas ainda estamos distantes, por conta do golpe e de Bolsonaro, de ter uma universidade dos nossos sonhos. Mas algo é certo: viemos para ficar e não vamos abrir mão do que conquistamos até aqui. Bolsonaro, tira a mão da federal! Dia 9 de junho a aula é na rua!
(*) Vice-presidente regional da UBES no Rio Grande do Sul
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