Opinião
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1 de maio de 2022
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14:01

Pelo o que lutamos no dia 1º de Maio? (por Avesol)

Cozinha solidária em Porto Alegre. (Foto: Luiza Castro/Sul21)
Cozinha solidária em Porto Alegre. (Foto: Luiza Castro/Sul21)

Avesol/CRDH (*)

O dia 1º de maio é o Dia Internacional dos Trabalhadores. A data homenageia a luta do movimento trabalhista ao redor do mundo por melhores condições de trabalho. Sua origem remonta aos episódios que ocorreram em 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, quando trabalhadores iniciaram uma greve que buscava, sobretudo, reduzir a jornada de trabalho, que chegava há 17h por dia, para oito horas diárias. A greve começou no dia 1º de maio e mobilizou mais de 300 mil trabalhadores, organizados por anarquistas e socialistas.

No Brasil, a luta pelos direitos dos trabalhadores está muito ligada aos imigrantes pobres europeus que aqui chegaram no início do século XX e organizaram grandes greves em busca de melhores condições de trabalho, como as de 1917, em São Paulo, e as de 1919, no Rio de Janeiro. Em 1925, a data passou a ser feriado nacional, em medida sancionada pelo governo do presidente Arthur Bernardes. Nas décadas de 1930 e 1940, o 1º de maio foi o feriado escolhido pelo presidente Getúlio Vargas para anunciar leis de proteção ao trabalho, negociadas com os trabalhadores.

No contexto atual de desmonte das políticas de proteção às trabalhadoras e trabalhadores, retomar a tradição altamente politizada e de lutas da data é imprescindível. O dia é mais de lutas do que de comemorações. O trabalhador brasileiro está sob ataque. O ministro Paulo Guedes, com sua política neoliberal, declarou que um dos “problemas do Brasil era o desejo dos brasileiros de viver 100 anos”, o que acabava onerando o Estado. Para ele, considerado por muitos brasileiros como “inimigo da classe trabalhadora”, política de bem-estar social e proteção ao trabalho são propostas subversivas que devem ser refutadas.

Isso apenas traz à tona as falácias de proteção aos trabalhadores do atual governo federal. O trabalhador brasileiro passa fome, empurrado para a informalidade e esmagado pela inflação. Vemos a volta do trabalho infantil nas ruas e a exploração da mão de obra imigrante e precarizada. Mulheres (mães, em sua maioria), trabalhadores rurais e autônomos são colocados como arrimo para os privilégios das elites, que lucram cada vez mais com a alta dos juros.

No contexto da Pandemia de Covid-19, os problemas se agudizaram e evidenciaram ainda mais as desigualdades sociais já bem acentuadas no país. Assim, o CRDH/AVESOL, nesta data de luta, reforça a importância do fomento da Economia Popular Solidária para a promoção de direitos no contexto das relações de trabalho. Solidariedade, sustentabilidade e troca justa movem as Redes de Economia Popular Solidária com potencial de mostrar o caminho da dignidade no trabalho para quem luta por um mundo mais justo e solidário, promovendo dignidade humana e direitos humanos de forma integral e não excludente. Lutamos para que as trabalhadoras e trabalhadores do passado nos inspirem no presente e sejam fontes de iluminação para um futuro de justiça social e igualdade, ousando a vida com esperança.

(*) A Associação do Voluntariado e da Solidariedade/CRDH tem como missão institucional superar as desigualdades sociais através do Voluntariado, da Economia Solidária e da Educação Popular

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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