Opinião
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11 de maio de 2022
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17:24

Escolas cívico-militares: um chamado a resistir (por Neida Oliveira)

Arte: Matheus Leal/Sul21
Arte: Matheus Leal/Sul21

Neida Oliveira (*)

O processo de militarização nas escolas públicas, que não começou agora, mas se intensificou nos últimos três anos, ocorre de formas distintas. 

Através de convênios e parcerias entre as secretarias de educação e da segurança pública para implantar nas escolas a denominada “metodologia de ensino” oriunda dos colégios militares. Mas também através da compra de serviços de grupos privados.

A partir de 2019, outra forma de militarização está acontecendo através do governo federal com a implantação das chamadas escolas cívico-militares.

Aqueles(as) que acham que as escolas cívico-militares resolvem as dificuldades existentes na educação, estão enganados(as), estas escolas são elitistas, usam o dinheiro público para criar uma casta de estudantes que, pelas suas condições socioeconômicas, já são privilegiados em relação à maioria da população. 

Precisamos lutar contra esta política, pois ela faz com que a polícia (exército, civil e militar) e também bombeiros exerçam funções de diretores administrativos e pedagógicos, além de se tornarem responsáveis pela disciplina de estudantes.

Querem impor nas nossas escolas uma hierarquia e disciplina subserviente, tentando obrigar   as(os) nossas(os) estudantes a se comportarem de maneira padronizada e, certamente, aprendam até a “bater continência”.

O nosso chamado é para resistir!

Precisamos continuar lutando por uma educação pública, democrática com espaço de diálogo, que respeite a organização livre das(os) estudantes, que acolha e valorize as identidades de raça-etnia, cultura, território, gênero e sexualidade.

Uma escola organizada através da gestão democrática, do reconhecimento da subjetividade, da valorização do conhecimento que a(o) aluna(o) traz de casa, da cultura popular do bairro onde vive.

Defendemos ampliar o diálogo com a comunidade escolar, romper os muros e acolher as mães e os pais, para dividir responsabilidades, mas também mostrar que a escola não é um espaço de poder daquelas e daqueles que possuem o saber formal, pelo contrário, é um espaço onde devemos ensinar, mas também aprender.

E como educadoras(es) comprometidas(os) com a transformação da sociedade continuarmos seguindo os ensinamentos de Paulo Freire: “O diálogo no ato educativo é central, a educação é política e, como tal, nunca é neutra.”

Eles não passarão! 

Por uma escola pública de qualidade, radicalmente democrática e laica.

(*) Integrante do Conselho Geral do CPERS

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21


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