Thiago De Leon (*)
Após um longo período de sucessivas retiradas de direitos e ataques à educação pública, o governo Leite impõe de forma autoritária a Matriz Curricular do Novo Ensino Médio e Fundamental em decreto publicado nos últimos segundos de 2021.
Sem sequer ouvir a parte mais interessada nessa mudança, as comunidades escolares, o decreto desrespeita a gestão democrática e a autonomia das escolas e fica mais uma vez distante do contexto em que o aluno está inserido.
O governo do Estado segue de forma fiel a cartilha do governo federal com a implementação da Reforma do Ensino Médio (Lei 13.415/2017) e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC/2018) e também aprofunda o desmonte da educação pública como um todo, ampliando assim as desigualdades educacionais.
O novo modelo imposto cria um prejuízo para os estudantes das escolas públicas e abre espaço para que a patrola da iniciativa privada avance na venda de pacotes pedagógicos para escolas públicas.
Simplificação da formação dos estudantes é um dos inúmeros prejuízos que a reforma irá causar à educação pública. A redução da carga horária de componentes curriculares clássicos, como Filosofia, Sociologia, Educação Física, Espanhol e outras disciplinas, explicita a real intenção do governo: a formação de mão de obra mais barata.
Como Vereador sempre estive na luta pelo adiamento deste processo, para que pudéssemos ter um aprofundamento real do debate, conhecendo a realidade de cada comunidade escolar. Como professor e fundador de curso pré-vestibular popular, entendo que a qualificação do Ensino Médio é um grande desafio na nossa educação, mas para que isso ocorra precisamos que o tema seja discutido e pensado como Política Nacional de Estado, vinculada entre todos os entes federados.
Não devemos permitir que os nossos professores percam sua carga horária e tão pouco devemos de abrir mão de disciplinas essenciais para a formação dos alunos.
(*) Sociólogo e professor ([email protected])
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