Opinião
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22 de janeiro de 2019
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10:30

A história é o oráculo da verdade (por Juliana Brizola)

Por
Sul 21
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“Tudo aquilo que Brizola interpelou veio à tona”. Divulgação

Juliana Brizola (*)

Em tempos de negação da política, em que oratórias apartidárias advindas dos próprios agentes políticos vêm persuadindo grande parte da população, é preciso cautela. Um povo que desconhece sua história comete os mesmos erros do passado.

Na mesma semana em que Leonel Brizola foi inscrito no Livro de Aço dos Heróis e Heroínas da Pátria, o Estado do Rio de Janeiro, governado duas vezes por ele, segue naufragado em um mar de lama provido pela corrupção e descaso dos seus gestores. O empresário do setor de ônibus Jacob Barata Filho, em depoimento à justiça, afirmou que a prática do pagamento de propinas a políticos do Rio é muito antiga e só não ocorreu nos governos de Leonel Brizola pois, em sua gestão, Brizola encampou algumas das empresas. Neste jogo de interesses, somente ao ex-governador Sérgio Cabral, condenado à 198 anos de prisão, foram repassados 145 milhões.

Fato é que tudo aquilo que Brizola interpelou veio à tona: a corrupção, os grandes acordos, a precarização do serviço público, os danos da entrega do patrimônio brasileiro e suas riquezas. Brizola brigou com gente grande. Denunciou poderosos. Ou alguém esqueceu do slogan de campanha de Sérgio Cabral em 2000? “Não contém Brizola”, disse ele. Realmente, não contém. A história é o oráculo da verdade.

Brizola era um homem à frente de seu tempo. O zelo pela coisa pública sempre esteve em primeiro lugar. Da esquerda à direita, não há quem ouse pôr em xeque sua idoneidade. Brizola revolucionou a educação pública por onde passou. No Rio Grande, construiu mais de 6 mil escolas, zerando o déficit educacional. No RJ, mais de 500 CIEP’s. Infelizmente, o descaso e a ganância dos governantes posteriores puseram fim a um projeto educacional reconhecido mundo afora.

Mas sua história segue viva. Para nós, trabalhistas, Brizola sempre foi herói. Mais do que nunca, agora, com seu nome entronizado no Panteão da Pátria e da Liberdade, seu legado clama por justiça social. E é por isso que, mesmo ausente, Brizola ainda é uma ameaça àqueles que colocam interesses alheios acima dos interesses da população.

(*) Deputada estadual (PDT-RS)

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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