Opinião
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11 de setembro de 2010
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09:00

Quando a paixão se transforma em obsessão

Por
Sul 21
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Nubia Silveira

Cresci ouvindo os discursos apaixonados de minhas tias na defesa de Getúlio Vargas. Ai de quem se atrevesse a lembrar a ditadura implantada por Vargas com o Estado Novo. Era prontamente soterrado por uma enxurrada de informações, segundo elas, incontestáveis sobre o valor do presidente. A paixão de minhas tias transformara-se em obsessão. Não conseguiam ver que Getúlio tinha qualidades e defeitos.

Já adulta, visitei Cuba, o país dos revolucionários que marcaram a minha geração. Meu propósito não era ser uma simples turista, mas viver o dia a dia da ilha caribenha. Participei de uma manifestação pelo Dia do Trabalho, com milhares de cubanos. Segundo os cálculos oficiais, a manifestação congregou um milhão de pessoas. Muitas delas enloquecidas, gritando pelo então presidente Fidel Castro, exbindo-lhe o que tinham nas mãos, até um cachorrinho de estimação. A paixão pelo líder da revolução havia se transformado em obsessão. Nenhuma delas conseguia ver El Comandante como um homem, com erros e acertos.

Estes são apenas dois dos fatos que vivi e presenciei, em que a paixão não se transformou em um sentimento profundo, calmo, equilibrado, mas numa obsessão, numa doença, que impede as pessoas de serem racionais, de aceitaram a verdade do outro e de admitirem que o objeto de nossa admiração também pode ter defeitos. A paixão desenfreada, sem limites, produz atitudes irracionais. Faz com que vejamos a vida de forma maniqueísta, apenas nas cores preto e branco, sem qualquer outro matiz. E foi isso que aconteceu em relação à equipe do Sul21, que, na noite de quinta-feira, cobria a Grande Mobilização 45, um ato em favor da candidatura da governadora Yeda Crusius (PSDB) à reeleição.

A paixão transformada em obsessão cegou o senhor Mário Bernd, candidato derrotado ao Senado, em 2006, pelo PPS, partido do vice na chapa de Yeda, deputado Berfran Rosado. Sem condições de pensar racionalmente, envolvido como está com a campanha eleitoral, passou a acusar a equipe do Sul21 de ser representante de um partido adversário. Se o senhor Bernd não estivesse cego pela paixão teria se dado conta que vimos cobrindo a candidatura Yeda Crusius, como a dos demais candidatos. Damos espaços a todas as tendências. Não usamos nosso noticiário para defender este ou aquele partido, esta ou aquela ideologia. Nosso conteúdo prima pelo respeito aos fatos.

A obsessão é perigosa. Nos faz agir de forma injusta e desrepeitosa, como fez Mario Bernd. Se ele esfriar a cabeça e usar de sua capacidade crítica, verá que deve desculpas ao repórter e ao fotógrafo do Sul21, que estavam ali apenas cumprindo a tarefa de cobrir a Mobilização pró-Yeda.


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