Opinião
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2 de setembro de 2010
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09:00

Bater para chegar ao segundo turno

Por
Sul 21
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Marieta Pires *

“O diabo sabe mais por ser velho do que por ser diabo”, afirma o velho ditado. Uma verdade que se confirma em campanhas eleitorais. Não basta ser candidato. É preciso ter experiência para montar estratégias corretas e conquistar adesões. Velhos políticos como o mineiro Tancredo Neves sabiam muito bem como tirar proveito do conhecimento e da experiência.

Passados quatro anos da última eleição ao governo do Estado, a governadora-candidata pelo PSDB parece ter adquirido um pouco mais de experiência em eleições. Apesar de decidir repetir a fórmula usada em 2006, de bater no candidato do PMDB, desta vez, pelo que se sabe, Yeda Crusius se propõe a bater de leve. Será?

Na última eleição ao governo do estado, o então governador Germano Rigotto, candidato do PMDB, já se preparava para comemorar a chegada ao seu turno e enfrentar o candidato do PT, Olívio Dutra, quando foi surpreendido pelos 16.341 votos a mais, conquistados pela candidata tucana. Yeda sabia que os eleitores de Olívio jamais digitariam seu número na urna eletrônica. Tinha, porém, uma chance de retirar votos de Rigotto e no horário eleitoral passou a bater, com força, no governador.

Rigotto, que em 2002, chegara ao Piratini embalado pela sua proposta de “paz e amor”, sintetizada no coração que o acompanha ainda hoje na campanha pelo Senado, e pelo sentimento anti-PT que tomou conta do estado, decidiu não revidar os ataques. Focou em Olívio, sem se dar conta que seus votos não seriam divididos com o petista, mas com a tucana. Também sofreu como ele mesmo reconhece, com o movimento de última hora, pregando que ele já estava no segundo turno e era preciso evitar que Olívio chegasse lá. O resultado foi outro.

O governador sentiu o golpe desferido pela adversária, a quem nunca atacou. Deve ter votado nela. Mas nunca abriu o seu voto. Nunca fez força para transferir seus votos à tucana. A relação entre os dois, nos meses que separaram seus governos, foi sempre formal e distante. Yeda – pelo visto – continua acreditando que o melhor, para chegar ao segundo turno, é bater no candidato peemedebista. Bater não tão fraco que não tire votos de José Fogaça, nem tão forte que não possa contar com os votos do adversário, se chegar ao segundo turno. Neste momento, porém, a realidade é outra: o Rio Grande não está – como fez em 2002 e 2006 – surfando a onda do antipetismo.

* Profissional Liberal


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