Opinião
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1 de julho de 2010
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12:32

Filtrando as impurezas

Por
Sul 21
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Marco Leite*

Há muito tempo chegou a mim a notícia de que a Prefeitura de Porto Alegre iria despoluir o Rio Guaíba. Era um plano ousado e com duração de 10 anos. Até hoje isso não ocorreu e já passou muito do prazo estabelecido.

O plano consistia em vários tipos de filtros naturais, como juncos, areia, cascalhos, entre outras coisas. Acompanhei a evolução dessa obra e volta e meia ouvia notícias do tal projeto, até que não se falou mais nisso e o Guaíba continua poluído. Não sei se os filtros existem ainda e onde eles estão. A única coisa certa disso é que nem um filtro vai salvar o nosso rio, se a população não mudar de atitudes e não parar de poluir a cidade com seus maus costumes.

Falei sobre esse fato acima para associar com uma recuperação da doença do comportamento e com isso a busca de fugas pelo álcool e as drogas. Uma pessoa que chega ao fundo poço por suas atitudes e resolve pedir socorro, como eu um dia pedi, chega totalmente poluída para um tratamento.

As poluições são: as atitudes, os maus costumes, a falta de qualquer espiritualidade e disciplina, e o decompromisso consigo e com os outros a sua volta. Uma pessoa na ativa das drogas acaba por poluir e destruir tudo e todos que estão em torno de si.Quando se procura um tratamento, o processo é igual ao plano de despoluição que foi feito para o Rio Guaíba e os filtros só mudam de nome. São: trabalho, disciplina e espiritualidade. Como se fosse uma água totalmente poluída, o residente de uma comunidade terapêutica vai passando por diversos processos, como: desintoxicação, conscientização, ressocialização e reinserção social. Durante os meses que um residente está na fazenda, ele passa por diversos córregos, para, aí sim, chegar ao grande rio, que é o retorno à vida social.

Com isso e suas atitudes ele passa a ser um despoluidor da vida e é só assim, praticando todos os dias, que ele vai se manter limpo e apto a ajudar a despoluir o mal das drogas que tem assolado nossa sociedade. Parece fácil, mas não é o número de seres que querem destruir é muito maior que dos que querem construir. Para não ser vencido é preciso estar forte espiritualmente e, principalmente, não andar isolado, pois nós em recuperação somos mais fortes se nos mantivermos juntos.

* Jornalista, a cinco anos deixou de ser usuário, depois de 33 anos de consumo de álcool e drogas.


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