Opinião
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24 de julho de 2010
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13:56

Dia do Agricultor: a urgência de uma política de renda

Por
Sul 21
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Por Ivar Pavan (*)

Neste Dia do Agricultor (24 de julho) quero reconhecer as conquistas da organização deste segmento nos últimos 20 anos. As mobilizações asseguraram a melhoria das condições no meio rural. Crédito para a lavoura, seguro agrícola, financiamento para habitação, universidade federal para estudar perto de casa, assistência técnica e reconhecimento da agricultura familiar como categoria.

Mas é preciso ter os olhos no futuro, sabendo que é fundamental avançar. Vou expressar aqui um pouco das minhas propostas como candidato a deputado federal, aprofundando um tema que tenho tratado largamente:a necessidade de um conjunto de políticas para garantir renda aos agricultores familiares.

Atualmente o valor obtido pelos produtos vendidos não cobre os custos de produção. Isso se deve ao alto preço dos insumos, entre eles adubo, calcário, sementes, óleo diesel, e ao baixo preço recebido na comercialização.

Compreendo a Agricultura Familiar como um fator estratégico para a segurança e soberania alimentar do país, por produzir 70% dos alimentos consumidos, como constatado pelo último censo do IBGE. Me preocupa muito também que mais de 30% das propriedades não tenham sucessor, pelo desestímulo dos jovens em permanecer na atividade rural.

A juventude não está mais disposta a trabalhar de sol a sol, domingos e feriados, na chuva, no frio e no calor, numa atividade penosa e que exige muito esforço físico. E ainda ter a incerteza das catástrofes climáticas ou a exploração do mercado.

Países desenvolvidos subsidiam a agricultura há décadas por terem clareza da sua importância. No Brasil, é preciso urgência em implementar um conjunto de ações nas áreas econômica, social, política, cultural, ambiental e de lazer que resgate e valorize este setor e assegure pagamento justo aos produtos. É essencial estabelecer mecanismos de proteção e viabilidade, assumindo que o mercado por si só não resolve. Quem produz deve ganhar por isto, e quem consome deve pagar um preço justo e adequado.

O apoio à agricultura familiar é estratégico pelo seu potencial estruturador e dinamizador do desenvolvimento, pela produção de alimentos, geração de trabalho e renda de forma descentralizada e preservação ambiental e da biodiversidade. Viabilizar os atuais produtores é garantir a sucessão nas propriedades familiares.

Educação e inclusão digital devem fazer parte destas ações de estímulo à permanência no meio rural. São elementos importantes para a capacitação e a integração com novas tecnologias.

Compensar quem preserva o meio ambiente é outro desafio que temos na área de políticas públicas. Punir os transgressores é necessário, mas é importante premiar quem destina parte de sua área rural para o usufruto comum.

Qualidade na energia elétrica e telefonia rural são outras importantes bandeiras para ampliar o bem estar no campo.

O endividamento dos agricultores é um fator de transtorno que impede novos financiamentos. É preciso renegociar as dívidas de modo coletivo e possibilitar crédito.

Temos que avançar. Estou desafiado e comprometido a seguir nesta caminhada para ampliar a qualidade de vida de quem alimenta a cidade.

(*) Agricultor e Deputado Estadual pelo PT.


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