Luís Eduardo Gomes
Apesar da paralisação convocada pelos sindicatos de servidores da área de segurança pública, o policiamento na Capital transcorreu em aparente normalidade na manhã desta quinta-feira (4).
Segundo Leonel Lucas, presidente da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho (Abamf), entidade que representa os servidores de nível médio da Brigada Militar (BM), ao menos cinco batalhões da Polícia Militar em Porto Alegre tiveram a entrada bloqueada por representantes de sindicatos da BM e familiares de brigadianos. Em todo o Estado, o número chegaria a 42.
Ele considerou como positivo o saldo da paralisação, mas ponderou que o comando da BM trouxe policiais e viaturas do interior e até empregou um helicóptero para ajudar no patrulhamento nesta manhã e contornar o movimento. “Vamos ter que fazer manifestações mais vezes para a população ter segurança”, ironizou.
Por outro lado, a tenente-coronel Najara Santos da Silva, que responde pelo Comando do Policiamento da Capital, afirmou que a BM estava operando em regime normal nesta manhã. “O pessoal foi para a rua normalmente”, disse.
Najara reconheceu que há manifestações em frente a quartéis e batalhões, mas que, de maneira geral, agentes e viaturas não foram impedidos de sair para a rua. Ela salientou que o comando dialogou com os policiais para garantir a normalidade da situação.
A tenente-coronel ainda disse que não foram trazidos efetivos do interior do Estado para auxiliar no policiamento da Capital nesta quinta e que policiais de outras cidades estão em Porto Alegre em razão da Operação Avante.
Em entrevista à Rádio Guaíba mais cedo, o comandante-geral da Brigada Militar (BM), coronel Alfeu Freitas, havia afirmado que a corporação estava atuando com o efetivo dentro do previsto nesta quinta e que foi adotada a prática de deslocar antecipadamente agentes e viaturas para fora dos quartéis. A Arena do Grêmio, que recebe uma partida do Campeonato Brasileiro na noite desta quinta, é um dos locais que teve policiamento previamente deslocado.
100% de paralisação na Civil
Por sua vez, o Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da Policia Civil do RS (Ugeirm), afirma que 100% da categoria aderiu à paralisação no Estado. Agentes compareceram a diversas delegacias pelo Estado, mas cruzaram os braços em protesto.
“A gente conseguiu atingir o nosso objetivo, que era primeiro fazer a população discutir a essa falta de segurança pública, mostrar a população que o estado está entregue à criminalidade e à falta de política do governo Sartori para a área”, avaliou Isaac Ortiz, presidente da Ugeirm.
Ortiz saudou o fato de que os servidores foram para as ruas discutir o tema com a população e repudiou o que considerou como tentativa do governador Sartori de criminalizar o movimento, ao anunciar que iria responsabilizar os servidores caso tragédias viessem a ocorrer. “Como se não ocorressem todos os dias. O RS é campeão em homicídios”, afirmou. “Discutimos com a população e vamos discutir muito mais enquanto o governo não elaborar uma política realmente séria para a a segurança pública”.
Servidores do IGP, da Susepe e do Corpo de Bombeiros também convocaram paralisação para esta quinta. As categorias fazem um protesto às 15h, com concentração em frente à Secretaria da Fazenda, no Centro de Porto Alegre. Na sequência, eles devem seguir para a Praça da Matriz, onde se encontrarão com a Caminhada Iluminada, que seguirá da Esquina Democrática para o local em uma manifestação de apoio aos trabalhadores da segurança pública.
