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Rachel Duarte
Idealizado há quase 30 anos, o projeto do aeromóvel em Porto Alegre – o primeiro do Brasil – teve nesta segunda-feira (15) a primeira perfuração da obra, na presença solene do ministro das Cidades, Mário Negromonte. Muito diferente do projeto criado em 1983 pelo engenheiro Oscar Koester, o modelo terá apenas um trajeto de 90 segundos. A tecnologia interligará a Estação Aeroporto da Trensurb ao Terminal 1 do Aeroporto Internacional Salgado Filho.
Na plateia, um grupo de metroviários protestou durante o ato contra a falta de manutenção dos trens, a superlotação de passageiros e a pouca quantidade de servidores para dar conta das obras de ampliação da Trensurb, que liga Porto Alegre à região metropolitana.
Segundo o diretor-presidente da Trensurb, Humberto Kasper, o trajeto da estação ao aeroporto facilitará o acesso dos usuários e poderá reduzir o congestionamento de automóveis.
Com um investimento de R$ 29,9 milhões, o aeromóvel de Porto Alegre será um projeto piloto que servirá de modelo para incentivar a mobilidade urbana em todo país. “Fico honrado em estar aqui hoje e colocar uma obra destas no meu currículo. Queremos levar esta tecnologia para os demais estados brasileiros. Sabemos que isto foi possível pela integração da prefeitura com o governo do estado. Aqui é diferente de outros estados”, disse Mário Negromonte.
Segundo o prefeito de Porto Alegre José Fortunati, “a tecnologia é uma das opções prioritárias para resolver o problema de acesso aos aeroportos. A infraestrutura da obra também será importante para a Copa de 2014, por facilitar o acesso dos turistas ao centro de Porto Alegre”.
Durante a solenidade, os trabalhadores do Trensurb criticaram a falta de previsão para manutenção e reposição de funcionários, para dar conta do aumento do volume de usuários que serão gerados com o aeromóvel e as cinco novas estações até Novo Hamburgo. “Operamos com 256 pessoas para atender as 17 estações”, afirmou Sandra Clave, diretora de Comunicação do Sindimetrô. Atualmente, cerca de 170 mil passageiros usam o trem metropolitano diariamente. Com a ampliação para Novo Hamburgo, outros 30 mil devem se somar. “Não temos incentivos, nem aumento de salário. Pedimos o reajuste referente à inflação do ano passado e eles querem dar só a metade”, criticou.
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A reivindicação da categoria é de uma reposição de 6,36%, além da manutenção dos valores por escalas de serviço. “Trabalhamos a mais da carga horária para suprir a falta de pessoal. No turno da noite, só tem 29 funcionários para atender as 17 estações”, falou Ronaldo Venhofen, operador da Trensurb. Os funcionários da Trensurb farão assembleia geral na quarta-feira e podem paralisar os serviços.
Ex-presidente da Trensurb, deputado Marco Maia (PT) defendeu a mobilização dos metroviários. “Quando eu assumi me receberam com uma paralisação de oito dias”, recordou. Ele cobrou a necessidade de implantar linhas do aeromóvel dentro de Porto Alegre, como já fora a intenção do primeiro projeto.
O ministro Negromonte salientou que, para ampliar as linhas do aeromóvel, o governo tem disposição, mas é preciso de um novo projeto e capacidade de recursos para contrapartida dos Estados. Mais tarde, em almoço com empresários, o governador Tarso Genro lembrou sua experiência com o primeiro projeto e das dificuldades encontradas na época. “Quando eu fui prefeito de Porto Alegre eu abri um conjunto de negociações para uma linha que fosse do Centro até a Azenha, passando pelo Beira Rio. As empresas não quiseram porque era muito caro o investimento para a tarifa a ser cobrada”, disse. O subsídio pensado seria do poder público, ao mesmo molde do metrô americano. “Nos Estados Unidos, o subsídio é de 50%. A cada dólar do usuário o estado entra com mais um”, falou. Mas, não apadrinhou a idéia de retomar o projeto hoje. “Para ter linha do aeromóvel precisamos de alguém que faça um projeto”, disse.
Os primeiros testes do Aeromovel estão previstos para o início de 2012. A previsão é concluir as obras em no máximo cinco meses.