Coronavírus
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19 de janeiro de 2022
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19:15

Alívio e emoção marcam o primeiro dia da vacinação infantil contra a covid em Porto Alegre

Por
Luciano Velleda
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Vacinação infantil iniciou em Porto Alegre no dia 19 de janeiro deste ano. Foto: Luiza Castro/Sul21
Vacinação infantil iniciou em Porto Alegre no dia 19 de janeiro deste ano. Foto: Luiza Castro/Sul21

Uma funcionário da unidade de saúde Santa Marta se aproxima da mãe e do filho recém vacinado e comenta: “É a primeira campanha de vacinação em que os pais choram mais que os filhos”.

A definição não podia ser mais apropriada para o que foi o primeiro dia da imunização infantil contra a covid-19 na unidade localizada no centro de Porto Alegre, nesta quarta-feira (19).

A mãe para quem a funcionária dirigiu a palavra estava sentada num banco de madeira junto com o filho. Haviam se abraçado carinhosamente minutos antes, o “bico” das máscaras se encostando como num beijo, até a mãe extravasar a emoção em lágrimas. O sentimento aflorado de Cristiane Lopes começou antes mesmo da aplicação da vacina no filho. Quando Gabriel entrou na sala de imunização, olhou pra trás e disse: “Já tá chorando, mãe!”.

A emoção tinha razão de ser. Cristiane disse ter esperado muito pelo dia em que poderia ver o filho vacinado. Gabriel tem diabetes e toma injeção de insulina diariamente. A agulhada contra a covid, afirmou o garoto, não foi nada demais. Só uma “picadinha”. Se for preciso, toma quantas forem necessárias. “Se tiver que tomar vinte doses, eu tomo”, exclamou.

Gabriel tem diabetes e toma injeção de insulina diariamente. A agulhada contra a covid, afirmou o garoto, não foi nada demais. Foto: Luiza Castro/Sul21

O movimento de pais e filhos na unidade Santa Marta estava bem tranquilo no começo da tarde do primeiro dia da vacinação de crianças de 10 e 11 anos de idade com alguma comorbidade. O ambiente foi preparado para receber os pequenos de modo mais aconchegante, com balões coloridos, faixas das cores do arco-íris e até mesmo um unicórnio inflável pendurado no teto. O imunizante aplicado é o da Pfizer, até o momento o único autorizado para uso infantil no Brasil. A dose é inferior àquela aplicada em adultos e a fórmula também tem alterações

Foto: Luiza Castro/Sul21

A sensação de alívio ao ver os filhos vacinados era unânime entre os pais. Já para os meninos e meninas, receber a primeira dose da vacina é a senha para o início do retorno às atividades na rua e à convivência com os amigos.

A professora Marlene Melo, de 45 anos, contou que toda a família está imunizada e aguardava ansiosamente a vez de Arthur, de 11 anos. “A espera tava na contagem regressiva. Tudo o que a gente queria era vacinar os pequenos, até pra voltar às aulas. Estou muito feliz, não esperamos nem mais um dia”, afirmou a moradora do bairro Sarandi.

Marlene e Arthur deslocaram-se do bairro Sarandi até o Posto de Saúde Santa Marta, no Centro da cidade, para imunizar Arthur logo no primeiro dia de vacinação. Foto: Luiza Castro/Sul21

Ao lado, aguardando os 20 minutos após a vacina, segundo orientação do Ministério da Saúde, Arthur estava sereno. “Foi como as outras vacinas, tranquilo.”

Um pouco antes tinha sido a vez de Gabriel Patichel, de 11 anos. A mãe, Juliana, associou a vacinação ao sentimento de liberdade dela, do filho e de todos. “Se a gente vai ter que conviver com o vírus, que seja vacinado”, ponderou. “Eles vacinados vão ter a liberdade de ir pra escola, ir brincar.”

Com o adesivo de “super vacinado” colocado no peito, Brian Lopes, de 10 anos, também aguardava uns minutos após a imunização, acompanhado da mãe, Nagila, e do pai, Darwin. Tendo asma, aproveitou logo o primeiro dia para se vacinar.

“Não doeu, foi só uma picadinha”, disse Brian para a mãe. Foto: Luiza Castro/Sul21

“Não doeu, foi só uma picadinha”, disse Brian. Para a mãe, o dia em que chegaria a vez do filho estava sendo muito esperado. E por vários motivos. “A ansiedade era grande, pela asma dele, pela aula, pela nova variante…”

Também emocionada e quase chorando, Simone Pacheco, de 35 anos, disse que o sentimento era de alívio pela filha Mariah, de 10 anos, que tem asma. “Foi bom, esperava isso há muito tempo, tava ansiosa”, reconheceu. Com a emoção saltando dos olhos, comentou: “É tão simples”, disse, em referência a proteção proporcionada pela vacina

Corajosa, Mariah concentrou-se em observar a agulha na hora da foto. Foto: Luiza Castro/Sul21

Funcionário do Hospital Presidente Vargas, Robinson Oliveira, de 42 anos, foi outro que não perdeu tempo e levou a filha logo no primeiro dia da vacinação infantil na Capital. O sentimento era de felicidade. “Sempre ensinei ela a tomar todas as vacinas, ensinei que era só uma picadinha de mosquito. Agora é mais uma imunizada na família”, declarou.

Junto ao pai, Valentina, de 11 anos, segurava uma caixa com boneca dentro. “Foi ótimo. Não doeu porque sou acostumada”, confirmou a filha, ensinada para encarar vacina como picada de mosquito.

Igualmente valente foi Giovana Cunha, de 10 anos. “Sou corajosa na vacina”, afirmou, ressaltando não ter doído muito a injeção. “Como sou corajosa, então dói menos.” Para a mãe, Rossana, o dia foi de alívio. Todos na família estão imunizados e só faltava a filha. A partir de hoje, não falta mais.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) aplicou 482 doses pediátricas da Pfizer no primeiro dia de vacinação de crianças contra a covid-19. O Centro de Saúde IAPI foi o ponto de maior movimento, com 143 doses aplicadas, seguido do Centro de Saúde Santa Marta aplicou 104 doses, depois o Clínico José Mauro Ceratti Lopes (83 doses),a US Moab Caldas (52 doses), US Santo Alfredo (43 doses), US Chácara da Fumaça (36 doses), e US Nova Brasília (21 doses).

O atendimento nas sete unidades de saúde ocorreu das 8h às 17h. Puderam receber a primeira dose crianças de dez e 11 anos com comorbidades ou deficiência permanente e quilombolas e indígenas de cinco a 11 anos.

Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
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Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21

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