![Indulto vai beneficiar gestantes com gravidez de alto risco e mães e avós condenadas por crimes sem grave ameaça ou violência. Foto: TV Brasil](https://sul21.com.br/wp-content/uploads/2022/02/gravidas_no_ambulatorio-450x300.jpg)
O fechamento da maternidade e da UTI neonatal Mãe de Deus, em Porto Alegre, aumenta a pressão na rede de atendimento às gestantes, uma vez que outras duas maternidades fecharam recentemente na Capital. O Mãe de Deus, onde a maternidade estava sem funcionar desde a enchente, retomou os demais atendimentos e comunicou que “serviços essenciais para o funcionamento do hospital, que ficavam no subsolo, precisaram ser realocados para o 3º andar, onde fica o Centro Obstétrico”. Por isso, não há previsão de reabertura da maternidade.
Não houve comunicado oficial do fechamento. Segundo o médico Lucas Schreiner, presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Rio Grande do Sul (SOGIRGS), os obstetras e neonatologistas que eram plantonistas do Mãe de Deus foram demitidos nesta quinta-feira (25). “A partir do momento em que os outros serviços se reestruturaram e estes profissionais foram desligados, isso nos faz acreditar que existe um grande risco de que o fechamento acabe sendo definitivo”, afirma.
O Hospital São Lucas da PUCRS e o Hospital Ernesto Dorneles também tiveram as maternidades fechadas. “O fechamento das maternidades vem sendo cumulativo. Nós tivemos maternidades que fecharam na Região Metropolitana também, que atendem pelo sistema público, como as dos hospitais de Guaíba e de Viamão”, relembra Schreiner.
Nesse intervalo de tempo, segundo o médico, não houve a criação de vagas em maternidades da Capital e foram abertos poucos leitos de UTI neonatal. Não há previsão de qual hospital possa absorver a demanda do Mãe de Deus. Questionado, o hospital não informou quantas pessoas atendia por mês no centro obstétrico.
“Talvez isso gere um problema para as operadoras de saúde, porque o Mãe de Deus atende exclusivamente pacientes de convênios. Sabemos que os serviços de atendimento obstétrico, assim como as UTIs neonatal, sempre estão trabalhando no seu limite. Agora, certamente, nós vamos ter uma dificuldade maior ainda no atendimento das gestantes e dos recém-nascidos”, explica o médico.
O presidente do Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers), Eduardo Neubarth Trindade, afirmou que o conselho buscará meios para reverter o fechamento do centro obstétrico e da maternidade do Hospital Mãe de Deus. A instituição também não foi comunicada oficialmente do fechamento.
“Os motivos que levam os hospitais a fechar as maternidades, tradicionalmente, são muito semelhantes”, explica Schreiner. “Todos eles levam em consideração o ponto de vista financeiro. É fundamental que o hospital esteja saudável do ponto de vista financeiro, mas também não pode se afastar do seu fim, que é o de assistência às pessoas”.
Segundo o médico, o atendimento à gestante é um serviço pelo qual as operadoras de saúde pagam menos, assim como o próprio sistema público de saúde, no caso das maternidades que atendem pelo SUS. “Os hospitais hoje em dia acabam tendo maiores margens em serviços que envolvam tecnologias, que envolvam o uso de materiais especiais. No atendimento obstétrico, a tecnologia que nós temos para ser usada são os humanos, são pessoas”, avalia.
Essa realidade faz com que os hospitais que atendem convênios acabem optando pelo fechamento das maternidades. Foi o caso do Hospital São Lucas da PUCRS, que atendia também pelo SUS e alegou déficit financeiro para o encerramento dos serviços obstétricos.
“Há dois pontos de atenção”, pondera o presidente da SOGIRGS. “Um é a maneira como o hospital vê a importância do atendimento obstétrico dentro da sua função primordial; e outro é o valor que as operadoras de saúde e que o próprio sistema público de saúde repassa para os hospitais no momento do atendimento obstétrico”.
Leia na íntegra a nota do Hospital Mãe de Deus:
Localizado em um dos bairros de Porto Alegre que ficou inundado durante as enchentes de maio, o Hospital Mãe de Deus foi uma das instituições mais afetadas na área da saúde, com seu subsolo ficando submerso. Para que a instituição pudesse reabrir as portas o mais brevemente possível, principalmente o atendimento de Emergência, serviços essenciais para o funcionamento do hospital que ficavam no subsolo precisaram ser realocados para o 3º andar, onde fica o Centro Obstétrico. Em razão disso, não há previsão de reabertura da maternidade, seguindo com a realização de novas análises e a atualização constante de planejamento do hospital.
Depois de um período fechada em razão da enchente, a instituição tem trabalhado para voltar a seu funcionamento pleno, e hoje já retomou a grande maioria dos serviços, essenciais para a rede de saúde da Capital e do Interior.
O Hospital agradece todo o apoio e a compreensão da comunidade durante esse período em que busca sua completa recuperação.