Saúde
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18 de abril de 2024
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16:29

Idosos são maioria entre as vítimas de dengue no Rio Grande do Sul

Por
Sul 21
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Entre os primeiros 73 óbitos por dengue no Rio Grande do Sul em 2024, 73% deles foram de pessoas com 60 anos ou mais. A análise sobre o perfil das mortes pela doença no estado foi feita pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) e publicada pela Secretaria da Saúde (SES) em uma nota informativa nesta quinta-feira (18).

As doenças preexistentes mais relatadas foram hipertensão (56%), diabetes (18%), cardiopatia (18%) e doença pulmonar obstrutiva crônica (16%). Não houve relato de comorbidade em 16% dos casos de morte. “A busca tardia por atendimento e o manejo não totalmente adequado em relação aos protocolos nas unidades de saúde também são fatores relevantes para esses desfechos”, relatou o diretor-adjunto do Cevs, Marcelo Vallandro. A análise demonstra que os pacientes procuram em média, ao menos, duas vezes por atendimento até a internação ou suspeição de dengue. Esses pacientes demoram cerca de 2,6 dias após o início dos sintomas para procurar o primeiro atendimento e, após, cerca de 4,4 dias até ocorrer a hospitalização. Os óbitos acontecem em média 8,3 dias após o início dos primeiros sintomas.

O número de mortes já foi atualizado para 78 nesta quarta-feira (17). “Este número é inédito no Rio Grande do Sul, sendo o maior que já tivemos no mesmo ano. Ultrapassa 2022, quando tivemos 66 mortes por conta da doença. A avaliação dos primeiros 73 óbitos mostrou a questão da importância da idade. As mortes acontecem mais na população acima de 60 anos, como um fator biológico importante”, apontou  Vallandro. Os sintomas mais frequentes entre os óbitos são: febre (62%), dor muscular (58%), dor de cabeça (43%) e náuseas (43%).

A nota informativa também descreve quais são os principais sinais de alerta da doença, ou seja, aqueles quadros que indicam que a doença está ficando mais grave, estando a pessoa já internada ou não. Entre os óbitos, os mais comuns foram a plaquetopenia (diminuição do número de plaquetas no sangue) e a hipotensão postural e ou lipotimia (sensação de tontura, decaimento, desmaio), presentes em 53% e 47% dos casos de óbito, respectivamente. Também foram apontados no relato dor abdominal intensa (34%) e letargia ou irritabilidade (32%).

Para os casos que evoluíram para dengue grave, os sinais e sintomas mais frequentes foram pulso débil ou indetectável (49%), extremidades frias (48%), taquicardia (42%) e hipotensão arterial (42%). A dengue grave é caracterizada pelos quadros que apresentam choque ou desconforto respiratório em função do extravasamento grave de plasma, sangramento grave ou comprometimento grave de órgãos do sistema nervoso central (alteração da consciência), do coração (miocardite), dano hepático importante e outros.

Os seguintes fatores foram identificados como causas que podem levar ao óbito por dengue:

  • o não reconhecimento dos sinais de alarme pela população e pelos profissionais de saúde;
  • procura tardia do paciente pelo serviço de saúde;
  • manejo clínico inadequado;
  • procura por várias vezes aos serviços de saúde;
  • dificuldade de acesso;
  • hidratação inadequada ou insuficiente;
  • ausência da classificação de risco para dengue (conforme fluxograma estabelecido pelo Ministério da Saúde);
  • não realização de hemograma ou em número abaixo do indicado na classificação de risco;
  • resultados de hemogramas em tempo inoportuno para auxiliar no manejo e reclassificação do paciente ou o paciente ser liberado antes de sair o resultado.

“Todos esses fatores não são exclusivos do Rio Grande do Sul, sendo também elencados como fatores possíveis de óbito em todos os estados brasileiros, conforme publicado recentemente pelo Ministério da Saúde”, destacou Vallandro.

A análise dos sinais e sintomas manifestados pelos usuários que tiveram o óbito como desfecho demonstrou que, em sua maioria, em outros agravos, não seriam indicativos de risco ou gravidade. “Portanto, os usuários com suspeita de dengue exigem dos profissionais uma sensibilidade maior, a fim de que sejam devidamente avaliados, mesmo com sinais e sintomas que, se não fosse a suspeita de dengue, não necessariamente seriam indicativos de intervenção precoce”, salientou o texto da nota do Cevs.

O documento acrescenta que, embora a dengue esteja presente no Rio Grande do Sul desde 2007, muitos profissionais de saúde desconhecem as práticas em relação ao manejo clínico de casos graves. “Ainda que o Estado sempre tenha tido casos, eles eram números pouco significativos e raramente havia casos graves. A dengue tem um curso muito agudo e o agravamento, quando ocorre, acontece muito rapidamente. O conhecimento dos profissionais quanto ao diagnóstico e ao manejo clínico oportuno impactam na evolução dos casos”, frisou a análise da SES.


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