Neste sábado (14), André Alves deslocou o joelho durante um jogo de vôlei em uma das quadras esportivas do Trecho 3 da Orla do Guaíba, em Porto Alegre. Contudo, não imaginava que a saga até o atendimento médico seria tão longa. O relato do ocorrido foi postado, com tom de indignação, nas redes sociais do grupo esportivo que organizou o jogo, o St. Pauli.
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“Eu estava com muita dor e, logo quando eu caí no chão, os guris ligaram primeiramente pro SAMU, porque não tínhamos a informação do convênio da Orla com o Hospital Mãe de Deus. Eles ligaram várias vezes pro SAMU, o SAMU falava que ia conseguir. Depois de 50 minutos, tentaram mais uma vez e a mulher (que atendeu a ligação) disse que havia recebido várias ligações de pessoas diferentes, o que indicava que não era grave e poderiam me ‘carregar’ até um hospital próximo”, conta André.
Segundo os relatos, a administração do Trecho 3 da Orla, quando procurada pelos integrantes do time, informou que o SAMU não poderia atender o caso na Orla por conta de um convênio que existe com o Hospital Mãe de Deus, há poucos minutos do local. A equipe da Orla então ligou para o Hospital para chamar uma ambulância. “Após meia hora esperando pela ambulância, a administração da Orla nos avisou que não viria porque ‘estavam tendo problemas’ e, sem mais informações, nos deixaram assim, sem justificativa, sem direcionamento e sem auxílio”, diz a postagem nas redes sociais.
Um caso parecido aconteceu com Djhan Luka no mesmo local. O jovem conta que teve uma fratura e lesionou o tornozelo, mas o atendimento do SAMU também foi recusado e a Guarda Municipal e a equipe da Orla não ofereceram ajuda.
Em resposta à reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) relatou que, por se tratar de trauma leve, os atendentes do SAMU orientaram que André fosse, de carro, até o Hospital de Pronto Socorro (HPS). Conforme descrito no Instagram do time, os guardas presentes no local negaram um pedido de escolta de um dos carros particulares até André, pois o sentido centro-bairro da Avenida Edvaldo Pereira Paiva, para acesso à Orla, fica bloqueado.
Somente após uma ligação para a Guarda Municipal e mais 20 minutos de espera, André foi colocado, pelos colegas, dentro de uma viatura que, só então, o levou para o Hospital Mãe de Deus.
O hospital “adota” o Complexo Esportivo desde sua inauguração, em outubro de 2021 e as placas de sinalização nas quadras possuem as marcas da instituição e da Prefeitura Municipal.
Em nota conjunta, as Secretarias Municipais de Esporte, Lazer e Juventude (SMELJ) e de Saúde (SMS) informaram que o Trecho 3 da Orla conta com a parceria do Mãe de Deus, descrevendo-o como “um dos melhores hospitais de Porto Alegre” que “presta um atendimento primoroso, 24 horas, em convênio com os serviços de ambulâncias da empresa TRANSUL”.
“O que ocorreu no dia, e lamentamos por este episódio, é que o funcionário da regulação da TRANSUL – que atendeu ao chamado da administração do Trecho 3 da Orla – disse equivocadamente que só era possível o atendimento ao usuário caso o mesmo tivesse algum convênio médico. O plantão da administração do Trecho 3 da Orla argumentou ao funcionário da TRANSUL que o convênio dos serviços da empresa era com todo o Trecho 3 da Orla e, portanto, não haveria esta prerrogativa. Devido a esta falha de comunicação, o atendimento demorou além do esperado e as pessoas que acompanhavam o usuário acidentado decidiram levá-lo até o local em que se encontrava o veículo estacionado. Para isso foi acionada a Guarda Municipal que auxiliou na condução do mesmo até o veículo”, diz a nota das secretarias.
Ao fim, explica que a administração entrou em contato com a diretoria da TRANSUL para “alinhar ainda mais os protocolos de atendimento e fluxos de chamadas com os funcionários para que falhas como estas não aconteçam mais e pede desculpas ao usuário por todo transtorno causado”.
O texto ainda informa que o SAMU recusou o atendimento por se tratar de uma lesão leve, mas que o serviço atende a Orla e possui acesso por rampas às quadras. A Prefeitura afirma que André foi atendido às 19h32 no HPS. Entretanto, ele nega e diz que foi atendido na emergência do próprio Hospital Mãe de Deus, e teve que apresentar o comprovante de convênio médico.
No final da tarde desta segunda-feira (16), o perfil oficial da Prefeitura de Porto Alegre comentou na postagem do grupo esportivo.
Em nota, o Hospital Mãe de Deus informou que está apurando internamente para entender se houve falhas no atendimento e lamenta o ocorrido.
“A instituição esclarece, ainda, que o atendimento de emergência e urgência oferecido pelo HMD no espaço adotado das quadras esportivas no trecho 3 da Orla do Guaíba é feito da seguinte maneira:
1) Diante de algum acidente ocorrido no local, o paciente deve ligar para o número indicado nas placas vermelhas que estão distribuídas nas quadras (51-3230-2500).
2) Na ligação, é iniciado um processo de triagem em que o paciente deve responder todos os questionamentos com o máximo de detalhes possível, para que seja identificado o nível de gravidade do atendimento.
3) O paciente deve aguardar as orientações feitas pelo profissional da saúde na ligação.
4) Constatada a necessidade do deslocamento de uma unidade móvel para o local, esta ficará encarregada de transportar o paciente até uma Emergência (particular, de acordo com a cobertura que ele tiver, ou do SUS).
A instituição ressalta também que quando pacientes entendam que houve falha na assistência disponível no local, o Hospital Mãe de Deus conta com um canal aberto ao diálogo por meio de sua Ouvidoria, pelo telefone (51) 3230-2010 ou pelo WhatsApp 3230-6003”, concluiu.
