Política
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29 de março de 2024
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16:25

Após controvérsia sobre censura, Câmara recebe exposição sobre ditadura militar nesta 2ª

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Sul 21
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Foto: Divulgação
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A saguão da Câmara de Vereadores de Porto Alegre receberá nesta segunda-feira (1º) a exposição “Memória, Verdade e Justiça”, que traz oito banners que retratam locais da Capital gaúcha que foram palco de violações de direitos humanos durante o regime militar. A realização da exposição foi liberada após a Mesa Diretora da Casa recuar de um pedido de explicações apresentado ao proponente do evento, o vereador Giovani Culau e Movimento Coletivo (PCdoB), que, na prática, inviabilizaria que ela ocorresse na data que marca do golpe de 1964, 1º de abril.

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A controvérsia ocorreu em razão de, na última quarta-feira (27), a Mesa Diretora da Casa, presidida pelo vereador Mauro Pinheiro (PL), ter deliberado por condicionar a liberação do evento a explicações por parte do vereador Giovani sobre o conteúdo da exposição. Contudo, este condicionante inviabilizaria a realização da exposição em 1º de abril.

Para Giovani, a manobra constituiu uma tentativa de censura, uma vez que o conteúdo já havia sido divulgado à Mesa e aos vereadores. Ele classificou o adiamento como um “sério atentado à memória, à verdade e à liberdade de expressão, fundamentais para a preservação da democracia”.

“Queremos que a exposição possa ser realizada livremente e a Câmara possa ser espaço de debates democráticos. Irei dialogar com todos os setores que entendem a gravidade desta decisão da Mesa e a partir disso fazer com que a exposição aconteça”, diz manifestação emitida pelo vereador.

Diante da manifestação do vereador, já na noite, a Mesa Diretora da Câmara emitiu uma nova posição informando que deliberou pela autorização da exposição requerida pelo vereador na data prevista, 1º de abril, “de modo a não atrasar o evento, e m respeito ao trabalho do parlamentar”.

A exposição “Memória, Verdade e Justiça”, ligada ao projeto “Trajetos de Memória – Caminhos da Ditadura em Porto Alegre”, iniciativa de estudantes de graduação de História da UFRGS, consiste em uma sequência de fotos de locais como o Dopinho, a Esquina Democrática e a Praça Argentina, acompanhado de textos que abordam os eventos sombrios e as violações dos direitos humanos durante o regime militar em locais específicos da cidade, assim como os locais de resistência.

O projeto Caminhos da Ditadura em Porto Alegre foi criado em 2016, como um mapa digital. Em 2021, o projeto expandiu-se para uma proposta de trajeto de memória na cidade de Porto Alegre. Percebendo a cidade como um museu à céu aberto, reuniu-se um grupo de trabalho interdisciplinar que elaborou e aplicou o trajeto de memória para mais de 300 pessoas. Em 2024, o Caminhos segue com saídas mediadas uma vez por mês.


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