Política
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30 de junho de 2023
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15:19

Ovacionado, Lula entrega moradias do MCMV em Viamão: ‘A coisa mais barata é cuidar do povo’

Por
Luciano Velleda
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Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21

O clima ainda era de campanha eleitoral entre a multidão que recebeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Viamão na manhã desta sexta-feira (30). Na primeira agenda no Estado desde as eleições do ano passado, Lula esteve no município da Região Metropolitana para a entrega de 446 unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) Entidades, que irão atender famílias com renda mensal de até R$ 2.640. À tarde, ele visita as novas Instalações do Hospital das Clínicas de Porto Alegre.

“Com luta, com garra, a casa sai na marra” era o grito de guerra entre os que esperavam o ex-presidente, junta a hinos de campanha do petista. Último a falar em um evento repleto de autoridades, Lula começou dizendo que a agenda de hoje era um exemplo do que ele define como governar: cuidar das pessoas, e escolher quem vai receber o benefício do governante. “É preciso ter um olhar carinhoso para as pessoas, as cidades são feitas de pessoas”, destacou. O presidente relembrou sua primeira casa. Nas palavras dele, uma moradia de 33 m², onde viva com a esposa e três filhos, a sogra e dois cachorros. “Era difícil, era apertado, mas foi minha primeira casa própria”.

Lula também recordou março de 2009, quando começou a planejar o MCMV. De acordo com ele, empresários, naquela época, apresentaram um projeto de construção de 200 mil moradias. Considerando que era pouco, Lula pediu ao então ministro Guido Mantega um novo projeto, desta vez contemplando 500 mil moradias. Lula disse que ainda achou pouco. O programa foi então preparado para atender 1 milhão de famílias. Em um ano, esse número teria sido cadastrado para integrar o MCMV. No final do governo Dilma Rousseff (PT), 4 milhões de moradias teriam sido entregues. No novo governo, Lula planeja entregar outras duas milhões de moradias. “O povo não quer muita coisa, quer ter o direito de ter um emprego, de ter uma boa escola, de ter sua casinha, de ter um carro, assar um churrasquinho no final de semana, todos têm direitos garantidos na Constituição”. Lula disse ainda que a coisa mais barata para um governante é cuidar do povo pobre e que há tempos ele defende “colocar o povo no orçamento”.

Lula participa de entrega de unidades do Minha Casa, Minha Vida em Viamão. Foto: Luiza Castro/Sul21

Para o presidente, quem governa precisa estar na rua para passar a ideia de que as coisas estão acontecendo. “Se ficar só dentro do palácio, não tem notícia boa, só gente pedindo coisa pro presidente”. Lula criticou seus pares, que, em campanha, estão no meio do povo, mas depois de eleitos somem das ruas. Ele também aproveitou para voltar a destacar a necessidade de união com governadores e prefeitos, trabalhando juntos.

Lula falou ainda sobre a necessidade de voltar a combater a fome, que já havia sido uma bandeira de seu primeiro mandato: “Essa pobreza, na verdade, é falta de vergonha de quem governou o país nos últimos anos”, afirmou, destacando que o combate à desigualdade também foi tema central de sua conversa em recente encontro com o papa Francisco, no Vaticano.

Antes de Lula, o primeiro a discursar foi o prefeito de Viamão, Nilton Magalhães (PSDB), que encontrou clima bem menos favorável. Sob vaias, ele defendeu os feitos de suas recente gestão e do antecessor: “Viamão hoje é uma cidade bem melhor pra se viver. As cooperativas viram e estão vendo o sonho de se viver numa cidade melhor”, disse ele, em referência à Cooperativa Habitacional dos Metalúrgicos de Porto Alegre (Coometal), responsável pelo empreendimento entregue nesta sexta.

Foto: Luiza Castro/Sul21

Loiva Medeiros, representante da Coometal, ressaltou que não existe apenas política partidária, mas a política que precisa ser feita para que projetos avancem e contemplem as pessoas que precisam dela. “Ninguém faz nada sozinho. Foi com muito apoio que se conseguiu chegar ao dia de hoje”. Loiva lembrou que no início do MCMV se conseguia verba de apenas R$ 6.000 ou R$ 8.000 para uma casa popular. As unidades entregues hoje custaram, segundo Loiva, R$ 82.000 cada.

Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, também fez uma breve fala, em que destacou que, no governo Lula, “o Brasil voltou, o respeito voltou, a alegria voltou, a esperança voltou”. Mencionando o recente discurso de Lula em Paris, que repercutiu no mundo todo, falou sobre o retorno do orgulho do Brasil no exterior. “Passou o período do ódio, da ignorância, do negacionismo. Vamos recuperar a capacidade de confiar na democracia. Lula é o presidente de todos os brasileiros e queremos cicatrizar esse período de ódio”, reforçou.

Leite. Foto: Luiza Castro/Sul21

Jader Filho, ministro das Cidades, também se fez presente na cerimônia. Além de elogiar a qualidade do empreendimento de Viamão, destacou a relevância do programa MCMV: “Vocês estão realizando o sonho das famílias que vão viver aqui”. O ministro também lembrou que esse empreendimento foi contratado em 2012, mas paralisado e só hoje está sendo inaugurado. Jader Filho ressaltou as milhares de unidades habitacionais entregues nos primeiros meses de governo e que esta é uma das prioridades do governo: “Estamos cumprindo, presidente, a meta que o senhor estabeleceu”, disse, se dirigindo a Lula. Após o início do governo, em janeiro de 2023, foram entregues sete empreendimentos que beneficiaram cerca de 4.052 pessoas.

No tom diplomático que costuma adotar, o governador Eduardo Leite (PSDB) começou sua fala observando que há opiniões diferentes e partidos diferentes, mas que é preciso ter união de esforços para concretizar um projeto como o Minha Casa, Minha Vida. “É importante encontrar caminhos de convergência para atender a população que mais precisa, e esse empreendimento é uma prova disso”, disse o governador, alvo de vaias e aplausos. Leite também destacou que o governo do Estado emprenhou R$ 20 milhões nos empreendimento do MCMV no RS. Para encerrar a fala conciliatória, ainda proferiu: “Não existe povo federal, não existe povo estadual ou povo municipal. Existe um povo só, que é o povo brasileiro”.

O investimento total foi empreendimento entregue hoje foi de R$ 39,8 milhões, sendo R$ 37,6 milhões do governo Federal e R$ 2,2 milhões de contrapartida do governo do Estado, que apoiou a obra após o cronograma ser impactado pela pandemia da covid-19.

Foto: Luiza Castro/Sul21

Carine Siqueira, mãe solo e uma das beneficiárias do empreendimento entregue nesta sexta em Viamão, falou sobre as dificuldades superadas para chegar ao dia de hoje. “Foi um trabalho de muitas pessoas, um trabalho coletivo”. Carine pediu aos governantes que pensem nas pessoas, pois enquanto hoje essas centenas recebem suas moradias, outras milhares gostariam de estar tendo a mesma oportunidade. “Hoje é dia de festejar”.

A modalidade Entidades do MCMV permite que famílias organizadas de forma associativa, por uma Entidade Organizadora habilitada, como a Coometal, produzam suas unidades habitacionais. As propostas das entidades devem ser submetidas a um processo de pré-qualificação, realizado pelo Ministério das Cidades. Após essa etapa, um edital estabelece os critérios de pontuação e classificação.

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