Dirigentes de movimentos ligados à agricultura familiar participaram nos últimos dias de uma série de reuniões com ministérios e secretarias do governo federal para negociar medidas de socorro aos agricultores atingidos pela estiagem no Rio Grande do Sul.
Na manhã de terça-feira (17), os representantes de FETRAF-RS, MST, Unicafes, MPA, MAB e Consea/RS se reuniram com o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes e com o secretário nacional da Defesa Civil, Wolnei Wolff Barreiros, para tratar de ações imediatas de abastecimento de água, liberação de cestas básicas para as famílias em situação de necessidade, além de programas de construção de cisternas, açudes, poços artesianos e redes de abastecimento de água. Os dirigentes também pautaram a execução dos recursos do programa Água Para Todos, alegando que o governo do Estado tem R$ 11 milhões do programa em conta.
Góes assumiu o compromisso de atender as demandas apresentadas e as entidades ficaram de organizar a demanda das ações nos municípios e apresentar nos próximos dias para o ministério, onde será acordado as ações a serem realizadas.
Na tarde, a comitiva se reuniu com a secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Lilian Rahal, e a secretária de Combate à Pobreza e à Fome, Valéria Burity, do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, solicitando a ampliação da compra de alimentos da agricultura familiar através do Programa Nacional de Aquisição de Alimentos (PAA) e a criação de um auxílio emergencial aos agricultores mais carentes.
As secretárias destacaram que o governo pretende reestruturar o PAA como uma estratégia de combate à fome. Já sobre o auxílio emergencial, reconhecerem a necessidade dos agricultores, mas pontuaram que a viabilização do programa depende de um acordo com o Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar.
Na sequência os dirigentes se reuniram com Edegar Pretto, indicado para assumir a presidência da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), ara tratar da Liberação de milho para alimentação dos animais. Pretto, que deve tomar posse no próximo dia 24, afirmou que a companhia não tem milho suficiente em seu estoque para atender a demanda dos agricultores e que será necessário fazer a aquisição para que o milho possa ser disponibilizado em locais de fácil acesso aos agricultores e com valor subsidiado. Entretanto, assumiu o compromisso de retomar as conversas após assumir o cargo formalmente.
Já na manhã de quarta-feira (18), foram recebidos no Palácio do Planalto pelo secretário de Comunicação, Paulo Pimenta, quando solicitaram auxílio na negociação com o governo para a liberação de medidas de socorro aos agricultores. Pimenta disse que tem acompanhado a situação no RS e que ela será tratada com o respeito que os agricultores gaúchos merecem, comprometendo-se a auxiliar no diálogo com o governo.
Na sequência, foram recebidos pelo secretário nacional de Participação Social, Renato Simões, que é responsável pela interlocução dos movimentos sindicais e sociais com o governo. Na reunião, foi apresentada a pauta dos movimentos e solicitado que a secretaria acompanhe o processo de negociação garantindo a articulação dos ministérios para a resolução das demandas.
Durante a tarde, os dirigentes se reuniram com o Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, que agradeceu as entidades por levarem ao seu conhecimento o tema e se mostrou preocupado com a situação dos agricultores gaúchos. Teixeira disse que o ministério ainda está em fase de construção e que o orçamento do ministério é enxuto, mas prometeu trabalhar para atender a pauta dos agricultores gaúchos.
Teixeira também acenou com a possibilidade de visitar o Estado para acompanhar a situação e se comprometeu a criar um grupo de trabalho envolvendo ministérios e representantes das entidades para discutir o tema.
Para o coordenador-geral da FETRAF-RS, Douglas Cenci, o resultado das reuniões é positivo. “Depois de um tempo sem diálogo com o governo, estamos conseguindo ter ressonância em nossas demandas. Embora seja uma primeira conversa e o governo ainda esteja se constituindo, os ministérios se sensibilizaram com a situação dos agricultores gaúchos e acenaram com a possibilidade de atender boa parte das nossas demandas. Precisamos continuar mobilizados para que elas possam se tornar realidade”, disse.
