Política
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1 de janeiro de 2023
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16:43

‘Foi a democracia a grande vencedora dessa eleição’, afirma Lula em discurso de posse

Por
Sul 21
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Lula discursa na cerimônia de posse. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Lula discursa na cerimônia de posse. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Às 15h12 do dia 1º de janeiro de 2023, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou pela terceira vez o termo de posse como presidente da República do Brasil. O ato foi acompanhado também por Geraldo Alckmin (PSB), agora oficialmente vice-presidente do País.

Num discurso de exatos 30 minutos, Lula começou contando a história de que assinou a posse com uma caneta dada a ele na campanha eleitoral de 1989. Não ganhou a eleição daquele ano nem as seguintes, em 1994 e 1998 e, em 2002, esqueceu o utensílio quando foi eleito pela primeira vez.

“Foi a democracia a grande vitoriosa nesta eleição, superando a maior mobilização de recursos públicos e privados que já se viu; as mais violentas ameaças à liberdade do voto, a mais abjeta campanha de mentiras e de ódio tramada para manipular e constranger o eleitorado. Nunca os recursos do estado foram tão desvirtuados em proveito de um projeto autoritário de poder. Nunca a máquina pública foi tão desencaminhada dos controles republicanos. Nunca os eleitores foram tão constrangidos pelo poder econômico e por mentiras disseminadas em escala industrial. Apesar de tudo, a decisão das urnas prevaleceu, graças a um sistema eleitoral internacionalmente reconhecido por sua eficácia na captação e apuração dos votos”, afirmou.

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Lula enfatizou as graves condições em que assume o País após os quatro anos do governo Bolsonaro, incluindo a volta da fome e a desestruturação de políticas públicas em todas as áreas. Por isso anunciou que o relatório elaborado pelo governo de transição será entregue às autoridades, para que todos saibam a “ruína” em que o Brasil se encontra. Com o diagnóstico das dificuldades feito, o presidente fez referências a ações que pretende adotar para recuperar a economia e as políticas públicas abandonadas durante o governo Bolsonaro.

“Ao longo desta campanha eleitoral vi a esperança brilhar nos olhos de um povo sofrido, em decorrência da destruição de políticas públicas que promoviam a cidadania, os direitos essenciais, a saúde e a educação. Vi o sonho de uma Pátria generosa, que ofereça oportunidades a seus filhos e filhas, em que a solidariedade ativa seja mais forte que o individualismo cego. O diagnóstico que recebemos do Gabinete de Transição de Governo é estarrecedor. Esvaziaram os recursos da Saúde. Desmontaram a Educação, a Cultura, a Ciência e Tecnologia. Destruíram a proteção ao Meio Ambiente. Não deixaram recursos para a merenda escolar, a vacinação, a segurança pública, a proteção às florestas, a assistência social. Desorganizaram a governança da economia, dos financiamentos públicos, do apoio às empresas, aos empreendedores e ao comércio externo. Dilapidaram as estatais e os bancos públicos; entregaram o patrimônio nacional”, disse Lula. “Os recursos do país foram rapinados para saciar a estupidez dos rentistas e de acionistas privados das empresas públicas. É sobre estas terríveis ruínas que assumo o compromisso de, junto com o povo brasileiro, reconstruir o país e fazer novamente um Brasil de todos e para todos.”

Em sua fala, o presidente foi duro nas menções feitas sobre o governo Bolsonaro e afirmou que os erros cometidos durante a pandemia de covid-19 devem ser investigados e punidos.

“Este processo eleitoral também foi caracterizado pelo contraste entre distintas visões de mundo. A nossa, centrada na solidariedade e na participação política e social para a definição democrática dos destinos do país. A outra, no individualismo, na negação da política, na destruição do Estado em nome de supostas liberdades individuais. A liberdade que sempre defendemos é a de viver com dignidade, com pleno direito de expressão, manifestação e organização. A liberdade que eles pregam é a de oprimir o vulnerável, massacrar o oponente e impor a lei do mais forte acima das leis da civilização. O nome disso é barbárie”, definiu.

E então completou: “Compreendi, desde o início da jornada, que deveria ser candidato por uma frente mais ampla do que o campo político em que me formei, mantendo o firme compromisso com minhas origens. Esta frente se consolidou para impedir o retorno do autoritarismo ao país”.

Se por um lado o discurso não deu sinais de conciliação com o bolsonarismo, por outro enalteceu em muitos momentos a democracia e o processo eleitoral brasileiro.

“Não carregamos nenhum ânimo de revanche contra os que tentaram subjugar a Nação a seus desígnios pessoais e ideológicos, mas vamos garantir o primado da lei. Quem errou responderá por seus erros, com direito amplo de defesa, dentro do devido processo legal. O mandato que recebemos, frente a adversários inspirados no fascismo, será defendido com os poderes que a Constituição confere à democracia. Ao ódio, responderemos com amor. À mentira, com a verdade. Ao terror e à violência, responderemos com a Lei e suas mais duras consequências. Sob os ventos da redemocratização, dizíamos: ditadura nunca mais! Hoje, depois do terrível desafio que superamos, devemos dizer: democracia para sempre!”


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