Meio Ambiente
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31 de outubro de 2021
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11:17

Começa a COP26 com grandes expectativas e Brasil como vilão

Queimada e vista em meio a area de floresta proximo a capital Porto Velho. Foto: Bruno Kelly/Amazonia Real.
Queimada e vista em meio a area de floresta proximo a capital Porto Velho. Foto: Bruno Kelly/Amazonia Real.

Começa neste domingo (31) a 26ª Conferência do Clima, a COP26, evento global que será sediado em Glasgow, na Escócia. Em pauta, uma possível revisão do Acordo de Paris, assinado em 2015. A partir de estudos recentes encomendados pelas Nações Unidas, a comunidade internacional visa endurecer as metas para redução de emissão de gases de efeito estufa. Segundo cientistas, o aquecimento global já chegou em um ponto praticamente sem retorno, e medidas radicais são necessárias para mitigar os estragos.

Estragos como “o período de fogo e enchentes” que já se abate sobre o planeta, nas palavras da vice-chefe da ONU, Amina Mohammed. Neste contexto, o Brasil chega ao evento como um dos principais vilões do clima, com o governo do presidente Jair Bolsonaro criticado internacionalmente por sua gestão ambiental desastrosa. O país vem batendo consecutivos recordes de desmatamento e queimadas e, como resultado, mesmo durante a pandemia de covid-19, aumentou a emissão de gases de efeito estufa.

O Brasil foi um dos únicos cinco países do mundo a piorar suas marcas em emissões desde março de 2020. Pesam o desmatamento ilegal e a grilagem, incentivados pelo presidente, além do desmonte de estruturas de combate a incêndio e desmatamento. Enquanto o mundo diminuiu 6,7% suas emissões, o Brasil elevou em 9,5% em 2020, e atingiu a pior marca desde 2006. Com estes dados, o país chega com a imagem manchada ao evento, já que, em Paris, o país havia se comprometido a reduzir as emissões em 43% até 2030. Embora caminhasse no rumo certo, tudo mudou com a eleição de Bolsonaro.

Diante dos dados negativos, o presidente sequer vai comparecer a este que é um dos maiores eventos internacionais da história recente. Além das políticas danosas, sua ausência também representa mais um enfraquecimento das relações internacionais brasileiras. O vice-presidente, Hamilton Mourão, disse que a ausência deles se dará pelo medo de críticas. “É aquela história: sabe que o presidente Bolsonaro sofre uma série de críticas, então ele vai chegar em um lugar em que todo mundo vai jogar pedra nele”, disse.

Primeiro-Ministro italiano, Mario Draghi, e o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, durante Cúpula de Líderes do G20 no sábado (30), na Itália. Foto: Alan Santos/PR

Enquanto o mundo debate o futuro e a sobrevivência da espécie humana, Bolsonaro estará em uma viagem de lazer após encontro da cúpula do G20. Ele deve visitar na segunda-feira (1º) um vilarejo na Itália, Anguillana Veneta, onde nasceu seu avô paterno.

A COP26 contará com 12 dias de debates e negociações sobre a questão climática global. São representantes de 200 países, entre eles, majoritariamente chefes de Estado e de delegações. Especialistas enxergam o evento como uma possibilidade de criação, inclusive, de novos negócios e do fortalecimento de relações bilaterais. Regras justas, ousadas e transparentes podem propiciar um ambiente de negócios com oportunidades que não devem ser aproveitadas pelo Brasil em função da fragilidade do Itamaraty sob Bolsonaro.

“A COP26 reunirá governos para rever e trazer um novo foco para os esforços globais no confronto às mudanças climáticas, em um momento radicalmente diferente diante da pandemia de covid-19. É um encontro importante para países que assinaram o Acordo de Paris enquanto uma revisão para os próximos passos sobre as emissões do efeito estufa. Esperamos que emerja uma economia global diferente com cidadãos de todo o mundo cobrando ações diante da crise climática. Nós podemos rever o tempo perdido e, enfim, entregarmos uma resposta convincente sobre a emergência climática”, afirma em comunicado a ONG internacional WWF.


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