Internacional
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12 de junho de 2021
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15:59

Justiça Eleitoral confirma que manobra para reverter vantagem de Castillo foi solicitada por Keiko Fujimori

Pedido de prorrogação no prazo para apresentar recursos que poderiam anular votos foi feito pelo partido da candidata Keiko Fujimori. Foto: Divulgação
Pedido de prorrogação no prazo para apresentar recursos que poderiam anular votos foi feito pelo partido da candidata Keiko Fujimori. Foto: Divulgação

A Justiça Eleitoral do Peru confirmou que o pedido para prorrogar o prazo para a apresentação de recursos que poderiam anular votos e reverter a vantagem do candidato de esquerda Pedro Castillo nas eleições presidenciais foi apresentado pelo partido da candidata derrotada Keiko Fujimori.

Em nota oficial, publicada na madrugada deste sábado (12), o Júri Nacional Eleitoral (JNE) disse que “o pedido de ampliação de prazo foi apresentado pela organização política Força Popular e não pelos senhores magistrados Luis Carlos Arce e Jorge Rodríguez Vélez”.

O órgão ainda destacou que “a vontade cidadã expressada nas urnas será plenamente respeitada” e que se deve “esperar os resultados com civismo e calma que os princípios democráticos exigem”.

Até às 10h30 deste sábado, a apuração alcançava 99,88% dos votos contabilizados, e Castillo é o virtual presidente eleito do país, superando Keiko por mais de 50 mil votos.

Na noite de sexta-feira (11), o plenário do JNE voltou atrás da decisão tomada horas antes de, contrariando a legislação peruana, prorrogar o prazo permitido para que as legendas possam entrar com recursos de anulação de atas da votação do segundo turno presidencial. Segundo a imprensa peruana, a medida foi revertida por três votos a um no plenário do órgão.

A informação de que o JNE prorrogaria o prazo para aceitar pedidos de anulação de votos foi divulgada pelos principais veículos do país, como os jornais La Republica, El Comercio e pela revista Caretas. Entretanto, horas depois do partido de Pedro Castillo, o Peru Livre, ter condenado a decisão, o JNE voltou atrás e revogou a prorrogação do prazo.

Apesar de legalmente oferecer a possibilidade para ambos os partidos apresentarem novos recursos, a medida poderia beneficiar a candidata de extrema direita Keiko Fujimori, que está perdendo a eleição e já havia anunciado, na noite do mesmo dia em que o prazo se esgotou, que entraria com recursos para tentar anular 200 mil votos por uma suposta fraude para a qual, até agora, não obteve nem apresentou provas.

Segundo o porta-voz e assessor político do Peru Livre, Aníbal Torres, se a decisão se confirmasse, isso simbolizaria o início de uma fraude nas eleições. “Se o JNE ampliar prazo para a apresentação de recursos, estaria fazendo em conluio com o partido de Keiko, mostrando que não haveria mais eleições limpas e uma fraude se consumaria ali, no JNE”, disse.

Pelo Twitter, o próprio Pedro Castillo condenou a medida e disse que, se confirmada a prorrogação, o ato estaria “violando a ordem eleitoral”. “Invoco o presidente do JNE a se pronunciar apresentando segurança jurídica ao processo. Por fim, conclamamos o povo peruano a ficar em alerta”, disse Castillo.

A vice na chapa no Peru Livre, Diana Balouart, disse que o partido está “preocupado” com as ações da Justiça Eleitoral e que os atos representam uma tentativa de mudar “a vontade do povo”.

“O JNE não pode manusear a vontade do povo. Denunciamos esse fato à população e convocamos o povo peruano a estar alerta, a dizer ao JNE que o povo já decidiu que o vencedor autêntico dessa disputa eleitoral é o professor Pedro Castillo”, disse.


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