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Huélinton Rodrigues trabalha em uma cervejaria no bairro Anchieta, zona norte de Porto Alegre. Assim como outros colegas, costumava ir ao trabalho de trem, descendo na estação que leva o nome do bairro – mas isso se tornou impossível depois da enchente, já que as estações da Trensurb que ficam na Capital foram danificadas e ainda não estão operando. O trabalhador pensou em usar uma linha de ônibus que costumava passar na frente do trabalho. No entanto, a 705.2 – Aeroporto/Ceasa é uma das quatro linhas que seguem suspensas após a enchente (confira a lista no final do texto).
A cervejaria onde Huélinton trabalha é uma das numerosas empresas no bairro Anchieta, o 7º maior gerador de Imposto Sobre Serviços (ISS) na Capital, que foi gravemente afetado pela cheia do Guaíba. Em junho, a região passou a ser atendida emergencialmente pela linha A05 – Alimentadora Terminal Trensurb Indústrias, mas continuou sem conexão direta com o Centro, já que o ônibus sai da estação Aeroporto.
Conforme a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMU), as linhas 705.2 – Aeroporto/Ceasa e 705.3 – Aeroporto/Ceasa/Fecomércio, que ligam o bairro Anchieta ao Centro, devem ser retomadas “nos próximos dias”: “Estão em áreas que foram bastante afetadas e que ainda não têm grande demanda”, diz a nota.
A pasta informa ainda que, através da Central de Monitoramento do Transporte e junto à Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), é feita uma avaliação diária “para promover as melhorias necessárias para o atendimento do transporte”.
Mas o processo de limpeza da cervejaria em que Huélinton trabalha começou ainda no final de junho, após as águas baixarem na Av. Torquato Severo, onde ficam as instalações. “Não está mais alagado, mas sim embarrado. Tem depósitos de lixo e o cheiro é muito forte”, descreve Huélinton.
Mesmo com a avenida nesse estado, carros e caminhões conseguem trafegar. “É difícil pensar que ainda não tem como passar ônibus, porque a via não está mais obstruída. Apesar do barro, é completamente trafegável e todas as fábricas já reabriram”, diz o trabalhador. “Acho que existe um interesse em não ter mais ônibus por aqui, talvez por serem linhas não tão utilizadas fora do horário de pico”.
Também tem previsão de retorno próximo, mas não exato, a linha C5 – Circular 4º Distrito/Moinhos de Vento, de ônibus noturnos. A SMMU afirma que a região atendida, o Quarto Distrito, foi bastante afetada pela enchente e não está com suas atividades a pleno.
Outra linha suspensa é a A60 – Alim. Triângulo/Assis Brasil/Fiergs até F. Ferrari, com retorno previsto até o começo de agosto. Hoje, a demanda atendida do transporte coletivo em Porto Alegre está em 99,2% da registrada antes da enchente, segundo a SMMU
Como alternativa para chegar ao trabalho, Huélinton tentou usar a linha T5 na manhã desta terça-feira (16), mas o ônibus não passou na parada da Av. da Azenha enquanto ele esperava. “Estava marcado para às 8h10. Cheguei umas 8h, fiquei até 8h30. Pelo que entendi das pessoas que estavam na parada, isso tem acontecido com frequência e também com outras linhas de ônibus”, relata.
Os colegas da cervejaria tentam organizar um esquema de caronas, mas o tempo de deslocamento e o gasto com locomoção aumentaram. Se antes o trabalhador gastava R$ 9 em duas passagens de trem a R$ 4,50, agora cada ida ao trabalho ou volta para casa custa em torno de R$ 20 se for feita por carro de aplicativo – numa dinâmica boa, com desconto.
“Antes, eu levava de meia hora a 40 minutos para chegar. O T5, por exemplo, tinha previsão de uma hora de deslocamento no horário para o qual eu havia me organizado”, afirma Huélinton.
Linhas de ônibus que seguem inativas em Porto Alegre
Previsão de retorno para os próximos dias:
- C5 – Circular 4º Distrito/Moinhos de Vento
- 705.2 – Aeroporto/Ceasa-
- 705.3 – Aeroporto/Ceasa/Fecomércio
Previsão de retorno até agosto:
- A60 – Alim. Triângulo/Assis Brasil/Fiergs até F. Ferrari