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30 de junho de 2024
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15:31

Fraport nega que obras de ampliação do Salgado Filho prejudicaram proteção contra cheias

Por
Luís Gomes
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Aeroporto Salgado Filho permaneceu mais de um mês alagado | Foto: Ricardo Stuckert / PR
Aeroporto Salgado Filho permaneceu mais de um mês alagado | Foto: Ricardo Stuckert / PR

A Fraport Brasil divulgou neste domingo (30) uma nota de esclarecimento em que nega que as obras de ampliação do aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre, teriam causado prejuízos ao Sistema de Proteção Contra Cheias (SPCC) da Capital, conforme denunciou ao longo da semana o deputado estadual Matheus Gomes (PSOL). As obras foram realizadas após a Fraport vencer a concessão do aeroporto, em 2017.

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Na última quinta-feira (27), Matheus denunciou, a partir de uma série de documentos da Prefeitura de Porto Alegre, que as obras realizadas pela Fraport no Aeroporto Salgado Filho fragilizaram o sistema de proteção, potencialmente agravando a inundação que atingiu a zona norte entre maio e junho. Conforme o deputado, as obras de ampliação não seguiram diretrizes obrigatórias estabelecidas pelo Departamento de Águas Pluviais (DEP) durante o processo de licenciamento. Também denunciou que a concessionária barrou a fiscalização da Prefeitura durante a realização das obras.

Na nota divulgada neste domingo, a Fraport Brasil diz que o sistema de micro e macrodrenagem do aeroporto de Porto Alegre foi devidamente autorizado e acompanhado pelas autoridades e que teve como premissas principais manter as condições de projeto do entorno aeroporto e a segurança operacional das atividades aeroportuárias.

“O problema de alagamentos na Zona Norte de Porto Alegre, que inclui o aeroporto, é histórico, e existe muito antes de a Fraport assumir a operação do Aeroporto Internacional Salgado Filho – na data de 2 de janeiro de 2018. Tal problemática era conhecida tanto pela concessionária anterior, quanto pelas demais autoridades municipal, estadual e federal. Era sabido, desde o momento que a Fraport assumiu a gestão do Aeroporto de Porto Alegre, que o sistema de pista apresentava problemas de segurança devido às inundações, causadas pelo mal funcionamento do conduto forçado. Apesar de não fazer parte do escopo do contrato de concessão a Fraport investiu cerca de R$ 170 milhões em um robusto sistema que atende as normas de drenagem do município”, diz a nota.

A Fraport ainda que o novo sistema de drenagem, inaugurado em 2021, é dividido em cinco bacias de acumulação das águas da chuva. A água é amortecida e acumulada nestes reservatórios e, por meio da gravidade e de casas de bombas, é direcionada ou para o Rio Gravataí ou para a Casa de Bombas 6 da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

“Todas as cinco bacias coletam água da chuva do aeroporto. No entanto, nas bacias 1, 2 e 5, 92% das águas coletadas são provenientes das precipitações que ocorrem nas áreas da cidade de Porto Alegre. Apenas 8% são precipitações coletadas estão na área do Aeroporto. Como mencionado, em apoio a operação deste sistema, existem oito Casas de Bombas (CB) operadas por energia elétrica com redundância por grupos geradores individuais. De forma prática, o sistema permite um amortecimento das precipitações através das bacias de detenção. A água recebida é então amortecida e liberada em velocidades inferiores as máximas definidas no Manual de Drenagem do Município de Porto Alegre para o escoamento ao Arroio Areia e Rio Gravataí”, diz a nota.

A manifestação da Fraport finaliza dizendo que o sistema de micro e macrodrenagem do aeroporto é “superior, seguro, e já deu amostras de seu pleno e seguro funcionamento nos últimos quatro anos”.

Procurada pela reportagem, o Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) optou por não se manifestar oficialmente sobre a denúncia do deputado, dizendo apenas que ela se refere ao período da gestão anterior e que será verificada internamente.


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