Geral
|
21 de junho de 2024
|
17:48

Fórum de entidades critica Eduardo Leite por nova troca na presidência da Emater

Por
Marco Weissheimer
[email protected]
Foto: Kesya Vidal/Ascom Emater/RS-Ascar
Foto: Kesya Vidal/Ascom Emater/RS-Ascar

O Fórum Permanente das Entidades Representativas de trabalhadores e trabalhadoras da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS-Ascar) divulgou um manifesto expressando apreensão e preocupação com as constantes trocas na presidência da entidade durante o governo Eduardo Leite (PSDB). Intitulado “Governador, afinal qual é o seu projeto para a Emater/RS-Ascar?”, o manifesto assinala que uma nova mudança na presidência da empresa foi comunicada pelo governo, devendo ocorrer no dia 1° de julho. “Tal atitude é um desrespeito com uma instituição, que possui longa trajetória de serviços prestados e de reconhecimento pela sociedade e pela agricultura familiar gaúcha, beneficiadas por um serviço de excelência que é um modelo a ser seguido”, diz o manifesto.

Para o Fórum de Entidades, a constante troca de comando na direção da Emater traz insegurança aos servidores e a milhares de famílias do meio rural e instituições atendidas pela assistência técnica e extensão rural e social, além de representar uma irresponsabilidade com os rumos da empresa. “É um absurdo que, nos últimos cinco anos, a Emater/RS-Ascar tenha tido cinco presidentes diferentes, sendo que alguns ocuparam o cargo por menos de seis meses. Esta situação causa dificuldades no estabelecimento e na execução de um plano de ações para a instituição, com projetos sendo descontinuados ou nem mesmo iniciados”, criticam as entidades que assinam o manifesto.

Diminuição do orçamento e do quadro funcional

O documento assinala ainda que, frente à enchente que atingiu diversas regiões do Rio Grande do Sul este ano, a Emater “tem liderado um importante trabalho para minimizar as vulnerabilidades causadas pelas cheias, através da assistência rural e social no meio rural e na busca por políticas públicas que amenizem as dificuldades enfrentadas”. Para as entidades, não se justifica realizar uma nova mudança na gestão da entidade, no momento em que o RS se encontra em estado de calamidade pública, a maior de sua história. “Além das contínuas trocas de comando que, se espera, não sejam motivadas por interesses pessoais, particulares ou políticos, e que geram um custo bastante elevado à instituição, considerando as trocas de cargos de confiança, outros aspectos causam grande preocupação, como a diminuição recorrente do orçamento da entidade”, acrescentam.

O documento cita relatório institucional da Emater, segundo o qual, mais de 25 mil famílias deixaram de ser atendidas entre 2014 e 2022. Neste período, em termos de investimentos, os recursos caíram de R$ 331 milhões para R$ 213 milhões. Além da redução do orçamento, verifica-se também uma diminuição do quadro de profissionais da empresa. “No mesmo período do relatório, o número de servidores diminuiu em 850 postos. Há uma necessidade urgente de revitalização, reorganização e recomposição dos quadros da Emater para suprir demandas latentes, especialmente nos escritórios municipais. Recentemente, foi realizado um concurso, mas o anúncio de contratação de 90 aprovados não contribui para a reversão deste quadro. E ainda há previsão de mais de 200 desligamentos, através de um plano de demissão”, acrescentam as entidades signatárias do manifesto.

“Total falta de respeito”

“O corpo funcional da Emater recebe com muita indignação mais um anúncio de uma troca na presidência da empresa. O governo Leite tem demonstrado uma total falta de respeito e consideração com essa instituição que tem mais de 60 anos de trabalhos prestados à sociedade gaúcha”, diz Rafaela Sais,  extensionista rural social da Emater e diretora do Semapi. “O manifesto menciona cinco presidentes em cinco anos. Esse que entrará agora será o sexto, mas, se considerarmos todo o período desde que Eduardo Leite se elegeu governador, este novo que assumirá dia 1 de julho será o sétimo presidente. Em nenhum outro governo isso aconteceu. A Emater sempre foi uma instituição tratada com muito respeito pelos governadores do Rio Grande do Sul”, assinala Rafaela Sais.

Como é que uma instituição que precisa executar políticas tão importantes para a agricultura familiar, com reflexo na vida da população urbana, vai fazer um trabalho minimamente planejado e com qualidade com constantes trocas de presidente? – questiona a servidora. Ela destaca também o momento inoportuno em que ocorre a nova troca, quando o Estado vive uma situação de calamidade pública em função das enchentes. “Esse é o momento de trocar. O governador, neste momento, parece menos preocupado em socorrer o povo gaúcho e mais preocupado com seus conchavos políticos e interesses eleitorais. O questionamento que fazemos ao governador é qual o seu plano para a Emater e qual sua principal preocupação, afinal?”

O manifesto “Governador, afinal qual é o seu projeto para a Emater/RS-Ascar?” é assinado pelas seguintes entidades:

Associação dos Extensionistas Sociais Rurais do RS (AESR)
Associação Gaúcha de Classificadores
Associação dos Servidores da Ascar/Emater RS
Associação dos Aposentados da Ascar (Asapas)
Semapi
SENGE-RS
Sindicato Médico Veterinário do RS (SIMVET-RS)
Sindicato dos Técnicos Agrícolas do Rio Grande do Sul (SINTARGS)


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora