Geral
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22 de maio de 2024
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18:43

DMLU contrata aterro em Gravataí para receber resíduos da enchente em Porto Alegre

Por
Luís Gomes
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Resíduos de casas e comércios alagados serão levados para Gravataí | Foto: Isabelle Rieger/Sul21
Resíduos de casas e comércios alagados serão levados para Gravataí | Foto: Isabelle Rieger/Sul21

O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) oficializou a contratação, publicada no Diário Oficial de Porto Alegre nesta quarta-feira (22), do aterro da Unidade de Valorização de Resíduos da Construção Civil São Judas Tadeu Ltda, de Gravataí, para receber os resíduos retirados de águas e comércios que ficaram alagados pela enchente. Para a disposição final deste material, chamado de inertes, por um período de até seis meses, a Prefeitura irá pagar o valor de R$ 19,710 milhões.

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Diretor-geral do DMLU, Carlos Alberto Hundertmarker destaca que muitos desses resíduos inertes estão contaminados, sujos de lama e lodo, e precisam de uma destinação final mais adequada do que o convencional. O DMLU explica ainda que resíduos pós enchente possuem a característica de não se decomporem e sofrerem qualquer alteração em sua composição com o passar do tempo. São materiais que não reagem quimicamente.

Nos aterros que recebem esses resíduos, os materiais não são enterrados e todos resíduos que puderem ser processados vão ser, como as madeiras de móveis destruídos pela enchente. Nesta tarde, Hundertmarker foi ao aterro em Gravataí para uma visita técnica.

“Ele tem capacidade e todas as certidões da Fepam e da Sema. Isso traz muita segurança e eficiência para todo esse processo de limpeza da cidade. Teremos mais agilidade, porque Gravataí está a menos de 30 km de Porto Alegre e assim a logística se dará mais rápida”, diz.

Hundertmarker explica que o contrato prevê que o aterro tenha capacidade para receber entre 77 e 180 mil toneladas destes resíduos. Desde que a água começou a baixar em diversas regiões da cidade, mais de 4 mil toneladas de resíduo já foram recolhidas.

 

Orientação do DMLU é para que materiais sejam descartados na rua | Foto: Isabelle Rieger/Sul21

O diretor-geral do DMLU explica que a orientação para as pessoas é descartar os resíduos nas ruas em frente às suas casas e comércios, conforme informado por meio de carros de som. Este material é então recolhido por caminhões que estão fazendo a coleta específica destes resíduos e levado para espaços chamados de bota-espera, localizados nas regiões que foram inundadas ou próximas, de onde posteriormente serão levados para Gravataí. Um deles é o aterro da Serraria e outros dois estão localizados na avenida Loureiro da Silva, mas há mais dois bota-espera que deverão ser abertos na zona norte.

Hundertmarker explica que, como as pessoas estão fazendo a limpeza de seus espaços em horários diferentes, os caminhões de recolhimento têm feito um trabalho constante de remoção dos resíduos à medida que eles vão se acumulando, não havendo um horário padrão. Ele também pontua que as pessoas não devem descartar esses materiais de outra forma. “Descartem na rua que nós estamos preparados para fazer o recolhimento”, diz.

Também nesta quarta, a Prefeitura de Porto Alegre publicou o edital de chamamento público para doação de serviço de coleta de resíduos gerados pela inundação que podem ser recicláveis. A empresa interessada deverá transformar os resíduos em renda financeira, por meio de triagem adequada em centro de logística reversa para a indústria. O edital estipula que os trabalhos sigam por todo o período em que perdurar o estado de calamidade reconhecido por meio do Decreto nº 22.647/2024.

Os valores arrecadados com a operação serão integralmente revertidos à aquisição de bens destinados à população afetada e à categoria de trabalhadores autônomos que exercem a atividade de catadores de lixo/material reciclável.

“Recebemos uma proposta e oportunizamos a outras empresas que manifestem interesse. O objetivo é transformar a enorme quantidade de resíduos gerados pela inundação em recursos para doar à população atingida, principalmente, eletrodomésticos da linha branca, com prioridade aos catadores”, diz a secretária municipal de Parcerias, Ana Pellini.

Hundertmarker explica ainda que a coleta convencional de resíduos está operando normalmente nas áreas que não estão alagadas, nos mesmos dias previstos antes da enchente. Além disso, o DMLU e parceiros contratualizados estão fazendo o trabalho de raspagem das ruas em que a água baixou e que ficaram cobertas por lama e lodo.


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