Moradores de diversos bairros na zona sul de Porto Alegre já se encontravam cercados pela água no final da tarde desta sexta-feira (3) em razão da cheia do Guaíba, que já está mais 1,5 m acima da cota de inundação, de 3 m — a medição oficial deixou de ser divulgada regularmente por problemas técnicos.
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No bairro Guarujá, um grupo de moradores voluntários se organizou desde a manhã para retirar de lancha as pessoas à medida que água ia tomando conta da Av. Guaíba e avançando pela Av. Guarujá. Quando a reportagem visitou a região, por volta das 17h, a orla do bairro já estava completamente inacessível, com a água se espalhando por diversas ruas internas.
“A princípio, nós fomos chamados aqui para fazer o resgate do pessoal, porque estava tudo ilhado. A gente está fazendo o que pode, já tiramos a maioria. Ficou uma grande quantidade ainda, porque o pessoal não quer sair. Agora, a princípio, estamos encerrando, porque o que nós podíamos fazer já fizemos. De repente, amanhã ou depois retornamos”, disse o morador.
Tenente Edson Domingues, do 1º Batalhão de Bombeiro Militar de Porto Alegre, estima que entre 100 e 110 pessoas e mais de 30 animais foram retiradas de suas casas ao longo do dia, sem contar as dezenas que foram resgatadas pelos voluntários.
“A gente foi chamado de manhã para um atendimento a vítimas da enchente na Av. Guaíba. Tirou-se todas as pessoas que foi possível na Av. Guaíba e, ao longo do dia, a água subiu pela Av. Guarujá e aí, em todas as ramificações de ruas laterais, a gente passou de casa em casa apitando e tirando as pessoas que concordaram em sair. As que ficavam resistentes subiam para o segundo andar, a gente tentava duas ou três vezes, a gente não pode extrair as pessoas, mas estão ilhados”, disse.
Segundo Domingues, não há como calcular quantas permaneciam em suas residências. “As pessoas de idade, gestantes, crianças, que estavam em residências baixas, sem um segundo pavimento, a gente retirou todas”, disse. “Agora, em seguida, segundo informações, a CEEE Equatorial vai desligar a energia elétrica. Quer dizer, quem ficou nesses sobrados, vai ficar sem energia à noite”.
A algumas quadras de distância, no bairro Ipanema, que está um pouco mais alto em relação à orla do Guarujá, moradores próximas da Av. Guaíba já estavam ilhados no final da tarde.
“Há 45 minutos nós estávamos a mais ou menos 80 m sem molhar os pés. Agora, já estamos fugindo da água. Ela tá subindo a média de 10 m a 15 m por hora, tá avançando na rua a questão de 20 cm de altura”, disse o morador Diogo Moreno, da rua Ladislau Neto.
Uma quadro ao lado, na Rua Engenheiro Tito Marques Fernandes, o morador Daison Maia observava a água se aproximar de sua casa. “A coisa tá feia. Estamos nos preparando para o pior. Já tiramos carro, levantamos os móveis. Espero que não entre dentro de casa, mas a previsão é de que vá duas quadras adiante. A gente tá com medo, medo e uma sensação de que não pode fazer nada. É a força da natureza”, disse Daison.
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