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8 de agosto de 2023
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18:39

Sistema de transporte público perdeu 8 milhões de passageiros diários entre 2019 e 2022

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Sul 21
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Sistemas de transporte ainda estão longe de recuperar a demanda anterior à pandemia | Foto: Luiza Castro/Sul21
Sistemas de transporte ainda estão longe de recuperar a demanda anterior à pandemia | Foto: Luiza Castro/Sul21

Em seu Anuário 2022-2023, divulgado nesta terça-feira (8), a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) aponta que o sistema de transporte público brasileiro por ônibus urbano registrou queda de 24,4% na demanda de passageiros entre 2019 e 2022, o que significa uma perda de 8 milhões de passageiros. A redução foi fortemente impactada pela pandemia de covid-19, mas, mesmo com o retorno às atividades presenciais, o patamar anterior ainda está longe de ser retomado.

Enquanto eram realizadas aproximadamente 33 milhões de viagens por passageiros pagantes por dia em todo o Brasil em 2019, a demanda atendida pelos ônibus urbanos brasileiros caiu para cerca de 25 milhões de viagens de passageiros pagantes por dia em 2022. O dado já leva em conta o fato de que, no ano passado, foi registrado aumento de 12,1% na demanda (número de passageiros transportados) e de 10,3% na produtividade (número de passageiros transportados por quilômetro rodado) na comparação com 2021.

“A demanda atual está muito distante do desempenho observado no início da série histórica da NTU. E o setor acumula uma queda de 30% no índice de produtividade ao longo do tempo”, observou o presidente executivo da NTU, Francisco Christovam. “Temos observado os sinais de recuperação, mas é preciso lembrar que a pandemia provocou uma perda acumulada de quase R$ 40 bilhões para o setor, e ainda enfrentamos as consequências negativas deixadas pela crise sanitária. Desde a redução de mais de 90 mil empregos diretos até a impossibilidade de renovação da frota, devido à baixa da demanda e queda na arrecadação das empresas, que ainda dependem muito da tarifa cobrada do passageiro. O número de cidades que subsidiam seu transporte público cresceu, mas ainda é minoria”, complementou.

Em Porto Alegre, a retomada tem sido lenta e gradual. De acordo com dados da Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP), que calcula os passageiros transportados por mês e não por dias, o sistema da cidade chegou a transportar até 21,2 milhões de passageiros por mês em 2019. No mês menos movimentado daquele ano, fevereiro, foram transportados 16,9 milhões de passageiros. Por outro lado, o maior número mensal de passageiros transportados em 2022 foi de 13,06 milhões, registrado em dezembro.

Em 2023, com os dados compilados até o mês de junho, o melhor resultado foi registrado em março, com 14,7 milhões de passageiros transportados. Em junho, foram 13,4 milhões ao longo do mês.

 

Foto: Reprodução

O Anuário NTU destaca também que, atualmente, 63 sistemas de transporte público por ônibus possuem subsídios definitivos. Esses sistemas atendem 163 dos 2.703 municípios que possuem serviços organizados de transporte público por ônibus em todo o país.

Ao todo, o levantamento analisou 11 indicadores com base nos nove dos maiores sistemas de transporte público por ônibus, tanto municipais como metropolitanos: Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Estes sistemas reúnem cerca de 32,5% da frota nacional e 34,1% da demanda de passageiros transportados em todo o país.

O custo por quilômetro percorrido oscila em uma faixa específica registrou um aumento significativo de 8,2% entre 2021 e 2022, decorrente principalmente do óleo diesel, que teve um aumento de 29,8% em 2022 na comparação com o ano anterior. A idade média da frota aumentou em 4,2%, chegando a 6 anos e 4 meses, o maior valor registrado nos últimos 28 anos.

“É importante observar esses indicadores, porque o custo e a idade dos veículos afetam a qualidade do serviço prestado ao passageiro”, diz Francisco Christovam.

O Anuário aponta ainda que houve um aumento de 1,4%, na quilometragem produzida — índice mede a oferta do serviço — em relação a 2021. Houve também aumento no número de passageiros transportados por veículo diariamente, mas esse valor ainda é 13,8% menor em relação a 2019.


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