O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, deixou nesta quinta-feira (21) um evento em Madri após ter a sua gestão no comando da entidade denunciada como cúmplice da morte de Bruno Pereira e Dom Phillips por um ex-funcionário. O episódio ocorreu na 15ª Assembleia Geral do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas (Filac), segundo o jornalista Jamil Chade.
Ricardo Rao, que recentemente concedeu entrevista ao Sul21 e participava do mesmo evento, postou em suas redes sociais o momento em que se levanta da plateia e começa a acusar Marcelo Xavier de ser “responsável” pela morte do indigenista e do jornalista britânico, encontrados mortos em julho no Amazonas.
“Esse homem não pertence aqui. Esse homem é um assassino, esse homem é um miliciano”, diz Rao.
O vídeo mostra que, em meio a fala de Rao, Marcelo Xavier se levanta e deixa o local.
URGENTE! Marcelo Xavier, presidente miliciano da FUNAI, é expulso de um evento da ONU em Madri! Compartilhem! pic.twitter.com/zf537y5Ohh
— RICARDO RAO (@RICARDORAO7) July 21, 2022
Na entrevista recente ao Sul21, Rao explicou que, em 2019, entregou à Comissão de Direitos Humanos e Minorias, da Câmara dos Deputados, um documento intitulado “Atuação miliciana conectada ao crime organizado madeireiro, ao narcotráfico e a homicídios cometidos contra os povos indígenas do Maranhão – Um breve dossiê”. O dossiê denunciou o envolvimento de policiais militares e civis em crimes praticados contra a população indígena da Amazônia Oriental, no estado do Maranhão.
Após entregar o dossiê, avaliando estar marcado para morrer, Ricardo Rao solicitou asilo diplomático à Noruega, a partir de contatos que havia estabelecido com povos originários daquele país. Atualmente, o ex-funcionário da Funai mora em Roma, onde está ajudando a articular uma campanha para responsabilizar o presidente Jair Bolsonaro pela morte de cidadãos brasileiros que também têm cidadania italiana, durante a pandemia de covid-19.