Geral
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17 de maio de 2022
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19:26

Três das cinco estações meteorológicas do Inmet no litoral do RS estão fora de operação

Por
Luciano Velleda
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Meteorologista diz que estações são importantes para coletar dados e compreender os eventos climáticos. Foto: Zoom Earth/ Reprodução
Meteorologista diz que estações são importantes para coletar dados e compreender os eventos climáticos. Foto: Zoom Earth/ Reprodução

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) tem cinco estações no litoral gaúcho para captar dados climáticos oficiais. Localizadas em Chuí, Mostardas, Tramandaí, Rio Grande e Torres, apenas as duas últimas estão em funcionamento. As outras três estão fora do ar.

Meteorologista da MetSul, Estael Sias afirma que a inatividade das estações de Chuí, Mostardas e Tramandaí prejudicam o monitoramento do vento em eventos extremos como a tempestade subtropical que atinge o Rio Grande do Sul nesta terça-feira (17).

Estael explica que o Inmet é uma instituição centenária e, em Porto Alegre, por exemplo, registra dados climáticos desde 1912. Graças ao longo período de medições é possível dizer se a temperatura num determinado dia é a menor dos últimos 50 ou 100 anos. Contextualizar os dados meteorológicos, ela destaca, é importante para compreender os eventos climáticos.

“Quando consigo fazer um contexto histórico de um evento de chuva, por exemplo, se 100 mm em 24h é o pior evento dos últimos 10, 15 ou 20 anos, a gente consegue dar dimensão aos fenômenos meteorológicos”, explica.

Tal dimensão permite aos meteorologistas classificar se determinado fenômeno é um evento severo, extremo ou corriqueiro.

“Isso faz muita diferença, até para o planejamento de construções, por exemplo. O tempo de recorrência é fundamental para a construção civil, de pontes, de viadutos, então a gente precisa ter conhecimento desses dados e esses dados precisam ser ininterruptos. Fazer medições constantes, persistência e por longos períodos, que é assim que a gente conhece nosso clima, consegue fazer previsões e contextualizar se um fenômeno é extremo, se é fora do normal ou se está dentro da normalidade daquela época do ano. Esses dados são usados pra começar a rodada dos modelos meteorológicos, então os dados registrados são usados pra gerar modelos de previsão do tempo. Quanto mais medição, mais dados, melhor a qualidade da previsão do tempo”, analisa a meteorologista.

Outro fator importante das medições de temperatura, vento, umidade e chuva nas estações do Inmet é a possibilidade de avaliar se as mudanças climáticas estão acontecendo e em que velocidade numa determinada região. Por isso, destaca Estael, é necessário que sejam feitas as manutenções nas estações meteorológicas para que não haja a desativação delas, como ocorre agora com três estações no litoral gaúcho.

“O Instituto Nacional de Meteorologia até pouco tempo estava vinculado ao Ministério da Agricultura, setor que usa muito as previsões do tempo, as previsões climáticas que dependem muito dessas medições. Então, são vários aspectos da sociedade que necessitam ter essas medições e que nos tragam esses dados históricos pra gente conhecer melhor o nosso clima”, pondera a diretora da MetSul.

O Sul21 tentou contato com a sede do Inmet em Porto Alegre para saber os motivos do não funcionamento das estações no Chuí, em Mostardas e em Tramandaí, e até o momento não obteve retorno. Assim que houver uma posição, será incluída na matéria.


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