Faleceu nesta quinta-feira (23), aos 61 anos, o historiador e pesquisador Enrique Serra Padrós, professor do Departamento de História e do PPG-História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O velório ocorrerá, nesta quinta-feira (23), das 14h às 20h, na sala 01 do Crematório Metropolitano de Porto Alegre.
Padrós deixa como legado pesquisas, dezenas de alunos e pesquisadores formados, artigos e outras publicações denunciando violações aos direitos humanos, em especial durante as ditaduras militares na America Latina. Além de pesquisador era um defensor dos direitos humanos e crítico das ditaduras militares que assolaram o Cone Sul entre as décadas de 1960 e 1980.
Uruguaio de nascimento, Enrique Padrós construiu sua carreira acadêmica na UFRGS. Graduado em Bacharelado em História (1985), com especialização em História da América Latina (1986), mestrado em Ciência Política (1995) e doutorado em História (2005). Seu trabalho como pesquisador tinha ênfase em História Contemporânea, atuando principalmente com história do tempo presente e ditaduras de segurança nacional.
Entre várias obras publicadas o pesquisador foi um dos organizadores da coletânea “A Ditadura de Segurança Nacional no Rio Grande do Sul (1964-1985)”, de quatro volumes, elaborada em parceria entre o IFCH e a Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Essa coletânea foi distribuida gratuitamente no Fórum Social Mundial de 2010, e teve três edições, além de ser distribuída para escolas, universidades e órgãos de pesquisa em todo o País.
No início de dezembro, quando já estava hospitalizado, Padrós escreveu uma mensagem de agradecimento às manifestações de apoio e afeto que vinha recebendo, onde reafirmou suas convicções como cidadão e pesquisador da UFRGS. Ele escreveu:
Prezadas pessoas: como sabem sou avesso às redes sociais, por isso pedi ajuda para que este agradecimento chegue a destino.
Em primeiro lugar, sou grato a quem fez circular o pedido de doação de sangue; em segundo lugar, a todas as pessoas que puderam doar; em terceiro lugar, agradeço as dezenas de mensagens e formas de afeto, carinho e apoio que me foram enviadas diretamente bem como aquelas espalhadas pela rede, e todas as energias, orações e formas de pensamento positivo. Por tudo isso, muito obrigado, muchas gracias, moltes gracies!
Estou sendo cuidado por uma qualificada equipe de médicos e recebendo muito afeto e respeito dos técnicos de saúde que me atendem.
A batalha é dura e diária, mas enquanto houver ânimo, dignidade e um pouquinho de sorte, persisto na defesa de meu corpo para que continue sendo consciência crítica e barricada.
E diante de um momento tão único da minha existência – e até porque é tempo de luta – reafirmo as minhas convicções: tenho ORGULHO de ser funcionário público, de ter sido aluno e ser docente da UFRGS, de pesquisar e denunciar os crimes de lesa humanidade do Terrorismo de Estado e, sobretudo e principalmente, de ser um historiador MARXISTA e um educador FREIRIANO.
Saúde a todas/todos e desejos de um futuro de Justiça Social Universal.
Enrique (Enric) Serra Padrós
