Geral
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12 de agosto de 2021
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11:57

‘Daiane tinha uma voz ativa e falava pelos seus. Vamos dar voz a ela no processo’, diz advogado

Por
Marco Weissheimer
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Advogado se reuniu com familiares de Daiane e com lideranças da reserva da Guarita. (Foto: Observador Regional/Reprodução)
Advogado se reuniu com familiares de Daiane e com lideranças da reserva da Guarita. (Foto: Observador Regional/Reprodução)

A família de Daiane Gria Sales, menina kaingang de 14 anos de idade, encontrada morta no dia 4 de agosto, no município de Redentora, em uma área próxima à Terra Indígena do Guarita, noroeste do RS, contratou o advogado Bira Teixeira, que tem escritório na cidade de Ijuí, para acompanhar as investigações sobre o caso. A procuração para representar a família no caso foi assinada pela mãe de Daiane, Julia Griá Sales e pelo cacique Carlinhos Alfaiate. Bira Teixeira conversou com o Sul21 nesta quinta-feira e disse que o principal objetivo de sua atuação será ‘dar voz para Daiane dentro do processo’.

Reprodução

O advogado se reuniu, terça-feira, na Terra Indígena do Guarita, com familiares de Daiane e com lideranças da comunidade. Segundo ele, há uma preocupação muito grande da família e da comunidade para que o caso não fique impune. “A família está devastada emocionalmente, com uma dor muito grande, quase insuperável. A liderança indígena também está preocupada em buscar respostas. Há uma preocupação com o fato de que muitos casos de crimes contra indígenas da Guarita acabam ficando sem resposta. Nós estamos entrando no caso também para ajudar a Polícia Civil e o Ministério Público naquilo que for possível. Queremos dar voz para Daiane dentro do processo, dar voz à família e à comunidade atingida”, disse.

Bira Teixeira assinalou ainda que há uma fragilidade muito grande envolvendo a família atingida e há uma preocupação que isso não resulte em um menosprezo na apuração do caso. Daiane, destacou, era uma jovem que tinha muitos sonhos, que queria fazer uma faculdade e tinha um espírito de liderança. “Ela falava em nome da juventude, tinha características de liderança, tinha uma voz ativa e falava pelos seus. Era ouvida e reconhecida dentro da comunidade. Na escola, ela também tinha uma participação ativa”.

Ainda na terça-feira, o advogado se reuniu com o delegado Vilmar Schaeffer, da delegacia de Redentora, que está conduzindo as investigações. O caso, afirmou, está sendo tratado como prioridade e ele acredita que o inquérito possa ser concluído na próxima semana. Há uma dificuldade para identificar a causa da morte, em virtude das dilacerações que o corpo de Daiane sofreu. O primeiro laudo pericial não foi conclusivo e agora, a Polícia aguarda o resultado de um segundo laudo pericial, mais aprofundado, para conseguir identificar a causa.

“Há sinais de que houve uma tentativa de estrangulamento, mas a primeira perícia não conseguiu apontar se essa foi a causa da morte. Estamos diante de um assassinato com requintes de crueldade, com ocultação de cadáver. Tudo indica que há mais de uma pessoa envolvida. O novo laudo pode ajudar a encerrar o procedimento de investigação. Pelas diligências em curso, acredito que até semana que vem o delegado consiga concluir o inquérito”, disse ainda o advogado. 

O escritório de Bira Teixeira divulgou uma nota pública sobre o caso. Confira a íntegra da nota:

Nota Pública: caso Daiane Griá Sales

Comunicamos que no dia 10/08/2021, assumimos o acompanhamento jurídico do caso DAIANE GRIÁ SALES, em nome da família da jovem e da comunidade Kaingang, por delegação do Cacique Carlinhos Alfaiate e da mãe da menor, senhora Julia Griá.

Nossa atuação acontecerá com o intuito de colaborar com o inquérito policial que já se encontra em andamento, trabalhando para elucidar o crime bárbaro cometido contra essa jovem de apenas 14 anos.

Daremos voz à memoria de Daiane, além de apoio técnico e humanitário aos familiares e à comunidade indígena. Adotaremos todas as medidas necessárias que a lei nos oferece, buscando cumprir de forma séria e comprometida a missão a que nos propomos.

A atuação técnica será realizada pelos profissionais da Advocacia Teixeira de Ijuí, juntamente com o advogado Celso Rodrigues Junior e com a advogada Pamela Ghisleni.

Queremos Justiça para Daiane!


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